Presidente regional do PTB, deputado federal Jovair Arantes, cobrou rápida confirmação da candidatura de Marconi, que está definida. Mas, e o resto da chapa?

Deputado Jovair Arantes (PTB): cobrança de definição rápida de Marconi para fechar costura | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção
Deputado Jovair Arantes (PTB): cobrança de definição rápida de Marconi para fechar costura | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

Afonso Lopes

Enquanto os pretendentes oposicionistas travam uma luta constante para manterem vivas as esperanças de disputarem o governo de Goiás, Marconi Perillo segue tranquilo. Ele não tem concorrentes internos. Aliás, nem concorrentes e nem possíveis substitutos. Pelo menos, nenhum aliado com cancha eleitoral suficiente para disputar com chances contra a oposição. A candidatura de Marconi à reeleição, portanto, além da vontade que aparentemente recuperou, é também necessária à sobrevivência do eixo político no poder.

Ainda assim, na semana passada o presidente regional do PTB, deputado federal Jovair Arantes, veio a público cobrar logo uma definição. Ou seja, que Marconi diga oficialmente que vai tentar novo mandato de governador. E avisou que o PTB só se manterá na aliança governista estadual com Marconi. Sem ele, o partido migra para a órbita de Antônio Gomide, do PT. Aliás, essa sinceridade de Jovair apenas enfatiza que o único elo que mantém a base aliada unificada é mesmo Marconi Perillo. Sem ele, talvez não seja apenas o PTB que se sentirá livre para se abrigar em outras trincheiras.

Por que definir já? Jovair, experiente que é, além de íntimo do altíssimo clero da aliança estadual por ser um de seus cardeais, sabe muito bem que Marconi terá que disputar a reeleição. Se é assim, onde residiria a razão central da pressa dele numa definição já, pelo menos em maio? No restante da chapa. Falta muita coisa para ser definida e, imagina-se, a coisa só vai andar mesmo depois que Marconi se tornar oficialmente candidato à reeleição.

É o caso da vice-governadoria e da candidatura ao Senado. Pu­blicamente, o atual vice, José Eliton, PP, já foi “indicado” pelo governador Marconi Perillo, e tem apressado o passo nos encontros regionais organizados pelos partidos da base aliada. Internamente, embora vez ou outra alguma liderança cite este ou aquele nome, a situação do pepista não encontra resistências.

É uma situação muito semelhante a do deputado federal Vilmar Rocha, do PSD, que também teve a “indicação” de Marconi para a disputa pelo Senado. Vilmar não encontrou até aqui um único adversário dentre os aliados estaduais. Mas percebe-se nos bastidores um certo movimento pela candidatura do presidente do DEM, deputado federal Ronaldo Caiado, que está decidido a também se candidatar a senador. O DEM é aliado, mas Caiado tornou-se independente.

Vilmar Rocha (PSD) e Ronaldo Caiado (DEM): possível chegada do segundo mexe com a pretensão do primeiro
Vilmar Rocha (PSD) e Ronaldo Caiado (DEM): possível chegada do segundo mexe com a pretensão do primeiro

Se o democrata desembarcasse novamente na aliança estadual, haveria a necessidade de se mexer na chapa. A legislação atual proíbe que dois partidos coliguem para governador e lancem candidatos concorrentes para o Senado. Ou seja, coligou na chapa majoritária, tem que juntar todo mundo, governador, vice e senador.

Isso cria problema para a aliança como um todo e também para o DEM. Um baita problema. Se o partido decidir se manter aliado, terá que convencer Caiado a desistir da candidatura ao Senado, coisa que ele não fará, ou convencer os aliados a abrirem vaga para a candidatura dele. Até que a segunda hipótese chegou a ser considerada, e bem avaliada, por setores da aliança, mas uma declaração recente de Caiado pode ter inviabilizado completamente esse projeto dentro da aliança. O democrata disse que, mesmo coligado, faria uma campanha isolada, independente.

Se essa é uma bela encrenca para o DEM resolver, para a aliança o prejuízo virá na forma de tempo de palanque eletrônico. Com Caiado candidato ao senado e sem coligação na majoritária, o tempo de rádio e TV dos democratas deixa de ser somado ao tempo total da aliança. Não é muita coisa, mas numa eleição que promete bastante, qualquer tempinho a mais é importante. Vide a briga que sempre é travada pelos segundos que os partidos nanicos emprestam às grandes alianças.

Ronaldo Caiado

Existe possibilidade de êxito no voo solo de Caiado e do DEM rumo ao Senado? Existir, existe, mas nunca é fácil. A coligação majoritária tem o mérito de unir forças, com tudo dentro da aliança funcionando a favor de todos. Sozinho, Caiado vai ter que superar todos os demais candidatos ao Senado de todas as alianças. Ou seja, terá que ser o mais votado mesmo não contando com um único candidato ao governo ajudando a pedir votos.

A cobrança externada por Jovair Arantes de definição rápida da candidatura de Marconi Perillo à reeleição também passa por tudo isso. Extraoficialmente, a chapa majoritária da aliança está pronta, com Marconi para o governo, José Eliton para a Vice e Vilmar Rocha para o Senado. Se, então, é só questão de tempo para oficializar a chapa, o que poderia mudar se essa confirmação ocorresse agora? O teste das pesquisas, especialmente para Vilmar Rocha.

Marconi lidera a corrida sucessória em todos os cenários possíveis, inclusive com condições de vencer já no 1º turno em quase todos eles, se as eleições fossem agora — conforme números da pesquisa Fortiori, divulgada na semana passada pelo Jornal Opção. Vilmar, ao contrário, não vai nada bem. Para o Senado, a liderança de Caiado é folgada, desde que Iris Rezende não dispute o cargo. Com a oficialização da chapa rapidamente, Vilmar teria que entrar realmente na disputa. Ou sua candidatura poderá ser questionada dentro da aliança. E, mexendo para o Senado, nem a vice-governadoria ficaria livre de pressões dos demais partidos que fazem parte da aliança liderada pelo governador.
Em miúdos, a chapa parece estar pronta, mas ainda existe lenha para ser queimada.