Além da expectativa do próprio Sebrae, Feira do Empreendedor contribui com capacitação e destaca oportunidades de negócios
Yago Rodrigues Alvim

Wanderson Portugal, Luciana Albernaz, Manoel Xavier e Marcelo Baiocchi: o Sebrae com o pequeno empreendedor | Edmar Wellington/Sebrae
Mais de 24 mil pessoas passearam pelo Centro de Convenções de Goiânia, no último dia de julho e primeiros dias de agosto. Visitantes da capital e de cidades do interior do Estado buscavam conhecer um pouco mais sobre empreender e, assim, consolidar em um futuro próximo a vontade de abrir um negócio. Muitos visitaram a Feira do Empreendedor, pela primeira vez, despertando e indo além da curiosidade. Outros eram empresários experientes nas tendências do mercado. Nesses dias, o Centro de Convenções foi espaço para a Feira do Empreendedor, realizada pela seccional goiana do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-GO).
Em sua décima edição, o evento realizou 413 atividades, totalizando 547 horas de treinamento gratuito, entre palestras, rodadas de negócios, capacitações e atendimento individual. O Serviço fez uma pesquisa durante o evento, de avaliação pelo público e para verificação do trabalho feito. Os resultados mostram a importância da Feira para diversos setores, empresas e profissões. A nota da satisfação dos visitantes com o evento tem uma média de 8,83 pontos e a satisfação com os serviços prestados pelo Sebrae-GO foi de 9,33.
Não só pela quantidade, como pela qualidade dos serviços oferecidos, a nota média de recomendação da Feira para pessoas do relacionamento pessoal foi de 9,37 pontos. O local de realização da Feira do Empreendedor teve boa avaliação pelo público, com 9,47 pontos. Sua organização também, com 9,44. As palestras e oficinas ganharam 9,18 pontos e os expositores, 8, 97.
A Feira superou até as expectativas do próprio Serviço. Nos quatro dias, de 31 de julho a 3 de agosto, a previsão inicial era que 10 mil pessoas visitassem o espaço. Sem contar que mais da metade dos 24 mil visitantes (13.260) participou das atividades de capacitação, o principal objetivo da Feira, num porcentual de 36,6%. Já 17% do público participou das oportunidades de negócios, 12% por curiosidade e 8% em consultorias empresariais.
Entre os pesquisados, cerca de 50% disseram que identificaram chances para abrir um negócio próprio e 70% sinalizaram oportunidades inovadoras. Sobre tais oportunidades, o setor comercial desponta com mais interesse, cerca de 60%. Em segundo, novidades no setor de serviços (29,2%), seguido pelos setores industriário (12%) e agronegócios (2,8%).
Chances
Há 20 anos, a Feira do Empreendedor é um dos maiores eventos realizados pelo Sebrae em todo Brasil. Atua como instrumento de fomento a negócios. Desde então, já foram realizadas 57 edições da Feira, num total de 2,2 milhões de visitantes. Neste ano, o circuito da Feira do Empreendedor é composto por 14 edições e a expectativa é receber aproximadamente 150 mil visitantes em todo o país. As edições são projetadas de acordo com a cultura e a dinâmica econômica do local em que são realizadas, como ocorreu em Goiás.
“É gratificante ver todo o envolvimento da diretoria do Sebrae e dos seus colaboradores na realização de um evento dessa magnitude. A Feira do Empreendedor é sempre marcante nas cidades por onde passa e mantém um ambiente favorável para ampliar as oportunidades de negócios, aproximando as vocações locais das demandas de cada região”, afirma o diretor do Sebrae Nacional, José Claudio dos Santos, que esteve no evento no dia 1° de agosto.
“A partir do diagnóstico sobre a realidade socioeconômica de Goiás, identificamos 18 macrotendências e apresentamos, por meio de cartilhas e fichas técnicas, informações específicas sobre 78 oportunidades de negócios no Estado”, destaca o superintendente do Sebrae-GO, Manoel Xavier Ferreira filho, sobre o estudo Tendências e Oportunidades para Pequenos Negócios em Goiás.
Dentre as macrotendências, Xavier destaca a internet e conectividade, consumo consciente e sustentabilidade, saúde e beleza, mercados pet, casais sem filhos, morar bem, segurança. Os visitantes tiveram a chance de conhecer as 78 oportunidades. A obra completa pode ser baixada no site do Seviço (www.sebrae.com.br), além dos escritórios e agências que estão aptos a atender os interessados em conhecer mais todos os apontamentos do Estudo. “O Sebrae em Goiás tem executado suas ações com planejamento, embasado em estudos, estratégias e pesquisas voltadas para o surgimento e o desenvolvimento dos pequenos negócios e dos empreendedores individuais”, ressalta.
De acordo com diretora de Administração e Finanças do Serviço, Luciana Albernaz, a administração do Sebrae é voltada para a soma de esforços e a máxima para se fazer mais com menos. “Por isso mesmo, a Feira foi uma oportunidade para demonstrarmos a otimização de recursos técnicos, físicos e financeiros e o alcance dos resultados do evento comprova que o trabalho foi realizado com responsabilidade e comprometimento de todos os envolvidos”, conclui.
Parceiros e empresários ressaltam os benefícios proporcionados pela Feira do Empreendedor
Segundo o presidente do conselho deliberativo do Sebrae-GO, Marcelo Baiocchi, as ações dos parceiros contribuíram de forma decisiva para o sucesso da Feira. “Destacamos o Sistema ‘S’ (Sesi/Senai, Sesc/Senac, Sest/Senat, Sescoop, Senar), o governo estadual (SIC, Segplan, Banco do Povo, Agência Goiás Fomento), o Fórum Empresarial e as treze entidades do Conselho Deliberativo do Sebrae Goiás (Agpe, BB, Caixa, Fieg, Facieg, Faeg, Fecomercio, FCDL, UFG, Agência Goiás Fomento, Sectec, Segplan e Sebrae Nacional) auxiliando no cumprimento da missão do Sebrae, que é o amplo atendimento do cliente, esteja ele na cidade ou no campo”, afirma.

Titular da SIC, William O’Dwyer fala da necessidade de ousar para ter negócios competitivos | Foto: Jayr Inácio
Entre esses parceiros está a Secretaria de Indústria e Comércio (SIC), que procurou demonstrar a importância da internet nos negócios. O secretário William O’Dwyer visitou stands e ressaltou o apoio a micro e pequena empresa: “Os programas de capacitação e de incentivo ao crédito, desenvolvidos pela SIC e por entidades como o Sebrae em Goiás, oferecem um diferencial competitivo para nossas micro e pequenas empresas.”
Desde 2011, R$ 39,2 milhões do Crédito Produtivo da SIC foram destinados para as 2.536 linhas de crédito concedidas pela SIC para as empresas que apostam no empreendedorismo no Estado, o que contribuiu com 6 mil empregos gerados e pela capacitação de 43.037 empresários. “São números expressivos, que nos colocam numa situação de destaque nacional”, afirma. O’Dwyer ainda avaliou que, para dar certo, o micro e pequeno empresário tem de ousar em seus negócios. “É preciso ousar para que, com criatividade, possamos ter negócios competitivos. O governo e o Sebrae estão de portas abertas para que o empresário possa abrir o próprio negócio e ganhar autonomia e independência financeira.”
O Coral Coralina é formado por 23 empregados dos Correios, um outro parceiro, que apresentou canções clássicas e populares, com destaque para as tradicionais de Goiás, na abertura da Feira. A solenidade contou ainda com o lançamento de um selo personalizado alusivo ao evento. “Este encontro voltado aos empreendedores goianos é, sem dúvida, uma grande oportunidade de mostrarmos a nossa vocação para o desenvolvimento, com o planejamento e o conhecimento necessários, a fim de criar novos negócios, reinventar os já existentes e conquistar o sucesso desejado”, disse o diretor adjunto dos Correios em Goiás, Valdeir Pimenta, durante o lançamento da peça filatélica. Além de dois stands, os Correios realizaram palestras sobre a possibilidade de expansão dos negócios.
A Caixa Econômica Federal também marcou presença no evento. Com um stand, uma equipe de gerentes e agentes de microcrédito do Programa Crescer prestou serviço aos visitantes. A Caixa também participou do Espaço Acesso ao Crédito, com três palestras que abordaram temas da vida financeira do pequeno e microempreendedor. “Nós cumprimos, na Feira, o objetivo de apoiar os empreendedores em sua geração de renda, emprego, além da formalização, afinal, muitos trabalham na informalidade. O crédito auxilia nessa formalização e faz com que o empreendedor cresça”, afirma a gerente regional, Cláudia Gebrim.
O Bradesco também foi parceiro na iniciativa. “Tivemos um stand com gerentes capacitados, para atender todo o tipo de cliente, seja pessoa física ou jurídica, os que ainda não começaram seu negócio, as pessoas que estão iniciando e estão sem o apoio de uma instituição financeira”, informou o gerente executivo, Carlos Henrique. As palestras, segundo ele, auxiliam no objetivo de levar informação aos interessados: “Realizamos palestras sobre empreendedorismo, nos quatro dias, e foi muito positivo as pessoas participando”. Além da estrutura da Feira, Carlos destaca as caravanas que passaram por ali, espalhando para outras regiões essa possibilidade de concretizar sonhos.
Empresários
O diretor Técnico do Sebrae-GO, Wanderson Portugal Lemos, conta que a Feira realizou rodadas de negócios entre empresas ofertantes e empresas compradoras, numa engrenagem organizada para a abertura de novos mercados. Pelo lado do conhecimento e da teoria, foram disponibilizados espaços tais como o da educação empreendedora, da economia criativa, envolvendo a moda, a beleza, o turismo, o artesanato e a gastronomia, além da livraria e o ambiente do conhecimento. Para o empreendedor do futuro, crianças do ensino fundamental, a feira montou um espaço lúdico e com dinâmicas teatrais, onde elas puderam experimentar o “como fazer” em uma microempresa. O público pôde ainda conferir um mix de negócios, com demonstrações de máquinas, equipamentos e modelos de empresas para que pudesse vivenciar o funcionamento de um pequeno empreendimento.
Paulo Roberto analisa de forma muito positiva a participação da empresa Ecopetro na Feira. “Nós participamos, junto com o Sebrae, do Festival de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica) com esse cunho ambiental, o que propiciou nossa participação na Feira do Empreendedor em uma área sustentável”, explica. Uma miniestação de tratamento de água, artesanatos feitos com filtros de ar e óleo são exemplos do que a Ecopetro levou para Feira. A reutilização de materiais na fabricação de cestas de lixo, porta-caneta, cestas para café da manhã foi muito apreciada na Feira. Além disso, Paulo ressalta o contato com outros expositores e com os clientes. “São, basicamente, esses três pontos: parcerias, clientes e marketing, com a divulgação da empresa”, conclui.
“Na busca de conhecer a tecnologia de sistema nas nuvens para gestão de micro e pequenas empresas, as pessoas perguntaram se é seguro, se é uma tendência pela mobilidade, quebrando assim paradigmas”, afirma o gestor executivo da Siachost Serviços de Software e Datacenter, Adriano Rocha, outro participante da Feira. É um produto inovador, cuja tecnologia permite fazer faturamento remoto, utilizando qualquer dispositivo móvel digital, como tablet, smartphone ou notebook. “Foi uma forma de divulgar nossa atuação para um público muito bom. As pessoas estavam bastante interessadas e curiosas para conhecer as inovações. Foi uma oportunidade de mostrar o nosso trabalho aos empreendedores”, diz.
A proposta foi atrair novos empreendedores interessados em áreas diversas. A Carlos Prata Comércio de Máquinas é específica para construção civil. São máquinas para fabricação de blocos de concreto e piso, por exemplo. “Muitas pessoas se interessaram, levaram catálogos, folhetos, pediram explicações” diz o proprietário Carlos Prata. Quanto mais produtos e variados sejam eles, melhor para quem visita a Feira. Ele ressalta como surpreendente esse interesse do público. Há uma expectativa pós-Feira, pois fizeram contato. “As pessoas vêm nos visitar em Brasília [onde a empresa se localiza], conhecer a loja, nossos produtos da área de construção.”
Para a empresa Gigatron, a Feira do Empreendedor foi muito produtiva. Foram mostrados dezenas de prospects para implantação dos produtos no varejo. Em especial, destaca o diretor de negócios, Marcelo Salomão, o GigaChef, que é um software para restaurantes com sistema de comandas por tablet. “Os restaurantes querem oferecer mais comodidade aos seus clientes, o atendimento com tablet e a possibilidade dos clientes terem o cardápio digital em seu celular é sensacional”, diz.
“No geral, foram cerca de 80 empresas interessadas em implantar um software de gestão para ajudar no processo do dia a dia, isso mostra que o mercado no Estado de Goiás está muito aquecido”, conta. Sobre franquias, houve um interesse maior em relação às outras Feiras, cerca de 80% a mais. Durante a Feira, a Gigatron lançou mais duas franquias, a GigaCertificadora, que atua na venda de certificado digital, e a GigaWebSite, que trabalha a produção de websites, blog e ecommerce.
Essas são algumas empresas que se juntaram ao Sebrae-GO para realização da Feira do Empreendedor 2014. Além dos empresários, os parceiros são também alguns que propiciaram um lugar para que o empreendedorismo cresça não só em Goiânia, como em outros municípios e Estados. A décima edição comemora os bons resultados e prospectas novas ações para que os sonhos dos cidadãos em terem seus negócios continuem a serem concretizados nos próximos anos.
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