Visita ao parque de obras do projeto Macambira-Anicuns e anúncio de reforma da Praça Cívica convivem com problemas cotidianos

Prefeito Paulo Garcia mostra local onde serão realizadas obras no Projeto Macambira-Anicuns: talvez a última chance de o governo de Goiânia recuperar a imagem desgastada por inúmeros erros / Foto: Humberto Silva
Prefeito Paulo Garcia mostra local onde serão realizadas obras no Projeto Macambira-Anicuns: talvez a última chance de o governo de Goiânia recuperar a imagem desgastada por inúmeros erros / Foto: Humberto Silva

O governo de Paulo Gar­cia promete tirar o pé do atoleiro em que se meteu no ano passado. E parece ter traçado um roteiro animador, anunciando o avanço de obras no projeto Macambira-Anicuns e uma ampla reforma na Praça Cívica. Só na praça a previsão é de investimentos na casa dos 12 milhões e 500 mil reais. Ao mesmo tempo, porém, a administração ainda convive com más notícias. Há alguns dias, o presidente da Comurg, Ormando Pires Júnior, disse que a empresa perdeu meia dúzia de caminhões da limpeza pública com suspensão de contrato de locação para economizar. Ele garantiu, porém, que isso não vai afetar a qualidade do serviço.

Difícil é entender essa lógica. De um lado, obras não exatamente prioritárias, e caríssimas, são anunciadas ao lado de curtas declarações de cortes em áreas nevrálgicas, como a do serviço de recolhimento do lixo doméstico, hospitalar e industrial. Pode ser uma interpretação equivocada da imagem do governo. O desgaste que atingiu em cheio a Prefeitura durante o ano passado não foi causado por falta de grandes obras, mas por falhas gritantes e graves no dia a dia da administração.

Intervenções

Somente nas administrações de Paulo Garcia, pelo menos duas obras de grande porte foram concluídas: o parque do Mutirama e o complexo de viadutos da Marginal Botafogo. A encrenca, portanto, não está nesse ponto, mas no caos absoluto e total que se observou em meados do ano passado no serviço de recolhimento do lixo. A cidade, desacostumada há décadas com improvisos na área, ficou escandalizada ao assistir caminhões comuns sendo utilizados no recolhimento de sacos de lixo nas ruas.

Além disso, faltou observar detalhes em algumas obras, como no túnel da avenida Araguaia. Entregue às pressas, para aproveitar o aniversário da cidade, inundou na primeira chuvarada porque as claraboias estavam destapadas, sem qualquer tipo de proteção, além de não ter sido concluído o trabalho no sistema de drenagem. Um vexame total, e que só foi corrigido depois que o estrago na imagem já estava impregnado.

Denúncias também afetaram o conjunto administrativo. A maior delas, que permaneceu por maior tempo na mídia e, consequentemente, na boca da população, foi a que envolveu as obras e os brinquedos do Parque Mutirama. Mas não foi a única. Pouco tempo depois disso explodiu a folha de privilégios na Comurg, exatamente na mesma época em que a empresa mergulhou na crise do lixo. Nem a notavelmente premiadíssima, tanto em nível nacional como internacionalmente, Maternidade Nascer Cidadão ficou fora da polêmica. Um parto espontâneo e atípico, que ocorreu no hall da recepção, poderia ter passado praticamente sem maiores consequências, até porque não houve problemas nem com a mãe e nem com o bebê apesar da situação, mas virou escândalo pela contaminação negativa que já se tinha formado pelo conjunto da obra.

Agenda positiva

Aparentemente, o prefeito Paulo Garcia resolveu sair a campo aberto para tentar o resgate da imagem de seu governo, e os pacotes de obras fazem parte desse esforço. No meio da semana, o prefeito visitou os canteiros de trabalho do projeto Macam­bira-Anicuns, uma das obras de intervenção urbana mais sensacionais do país. Depois de concluído, será um dos maiores parques abertos à população dentre todas as cidades brasileiras. A ideia nasceu no governo de Pedro Wilson (2001/2004), mas nunca tinha saído do papel efetivamente. Na visita que fez, o prefeito foi acompanhado por jornalistas e radialistas de praticamente todos os veículos de comunicação da capital.

É evidente que coisas assim são positivas.

Ao mesmo tempo, a Prefeitura anunciou que vai reformar a Praça Cívica, obra orçada em 12 milhões e 500 mil reais. É uma grana preta para um caixa que não poderá contar com reajuste do IPTU/ITU como era esperado. Mais ainda se for levado em conta que existem algumas reivindicações salariais represadas, e que nem todos os problemas do serviço do lixo estão completamente equacionados. Se tudo funcionar, vai ser muito bom, e deve-se esperar uma efetiva recuperação na imagem da administração.

Na realidade, e sem qualquer dúvida, talvez seja a última cartada do governo de Goiânia para fechar 2015 em alta e chegar com bom fôlego em 2016, ano de eleição. Uma coisa é certa: se nada disso funcionar, reviver a crise de 2014 em plena disputa eleitoral do ano que vem será o pior de todos os mundos, tanto para a cidade como para o político Paulo Garcia.