Aliança iniciada em 2014 pode ser decisiva nas eleições de Goiânia seis anos depois
05 janeiro 2020 às 00h00
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Na primeira vez que se juntaram em chapa majoritária, foi Caiado quem precisou do apoio de Iris para se tornar senador. Em 2020, prefeito e governador tendem a retomar junção de forças
Em 2018, o governador Ronaldo Caiado (DEM) e o prefeito Iris Rezende (MDB) deixaram de lado a aliança eleitoral firmada em 2014 e reforçada dois anos depois. O motivo era óbvio: o MDB tinha lançado candidato na corrida ao Palácio das Esmeraldas e não havia a possibilidade de dos dois dividirem o mesmo palanque. Seria uma traição do principal nome do partido, o político símbolo da sigla em Goiás.
Passada a votação de outubro daquele ano, governador eleito e o prefeito de Goiânia retornaram o bom contato e firmaram parceria administrativa. Algo esperado, já que em 2014 foi dado início a uma união eleitoral que, naquele momento, era mais vantajosa para Ronaldo Caiado, que se beneficiou da força nas urnas do emedebista e foi eleito senador. Depois, chegou a vez de Iris ganhar força em 2016 e voltar à Prefeitura de Goiânia com ajuda do DEM, partido presidido pelo então congressista.
O caminho está aberto para uma candidatura a reeleição na capital de Iris Rezende, que entra em 2020 no último ano de sua quinta gestão como prefeito de Goiânia. O presidente estadual do MDB, o ex-deputado federal Daniel Vilela, que disputou o governo do estado em 2018 com Caiado, não será um obstáculo na retomada da aliança eleitoral do chefe do Executivo municipal com o democrata. Como já disse em entrevista ao Jornal Opção, se tiver que estar ao lado do governador no palanque de Iris, o momento será uma prova da força e o reconhecimento da liderança que o prefeito representa em Goiás.
Tanto Caiado quanto Iris sabem que a aliança nas urnas em 2020 pode representar no mínimo mais dois anos de paz administrativa para os dois caso o emedebista seja reeleito prefeito de Goiânia. Ter o gestor da capital ao lado do governador é um alívio enorme para o Estado e a possibilidade de parcerias facilitadas para o município. Goiânia ganharia com a boa vontade na liberação de recursos estaduais.
É claro que outros bons nomes se apresentam na disputa, mas as pesquisas apontam que Iris largaria com ampla vantagem no início do primeiro turno. Pré-candidatos como o deputado federal Francisco Jr. (PSD), o secretário estadual de Indústria e Comércio, Wilder Morais (DEM), a vereadora Dra. Cristina Lopes (PL), a deputada estadual Adriana Accorsi (PT), o deputado federal Elias Vaz (PSB), o presidente da Câmara de Goiânia, Romário Policarpo (Patriota), o deputado estadual Major Araújo (PSL) e a coordenadora de Mulheres da Federação de Técnicos das Universidades e Institutos (Fasubra), Mariana Lopes (PSOL), sabem que entrar em uma campanha contra Iris não é uma tarefa fácil.
Impossível? Não. Mas bastante complicada. É tentar disputar voto a voto com um homem público que tem a marca de serviços prestados à capital e ao Estado nos últimos 60 anos. São 86 anos reconhecido por uma parcela considerável dos goianienses, que elegeram o emedebista vereador, prefeito em cinco eleições, deputado estadual, senador, duas vezes governador e que já ocupou os cargos de ministro da Justiça e da Agricultura. São poucos os políticos no Brasil com o currículo político de Iris.
Mas isso não ganha eleição. Estão em jogo a conclusão das muitas obras que a Prefeitura de Goiânia executa neste momento e a avaliação que o eleitor fará, por exemplo, da saúde municipal em outubro. Outros nomes, como Francisco Jr. e Cristina Lopes, pretendem apresentar uma alternativa de inovação e ideias contemporâneas. Quem vota no emedebista sabe o que esperar de uma administração do grande líder do MDB: dois anos de recuperação das finanças e a segunda metade da administração de ações e intervenções na cidade.
Quem percebeu o movimento e talvez tenha jogado bem com a aliança cada vez mais sólida entre Caiado e Iris foi o secretário Wilder Morais. O ex-senador do DEM é o único dos pré-candidatos a prefeito de Goiânia que foi às redes sociais para desejar feliz aniversário publicamente ao emedebista, que completou 86 anos no dia 22 do mês passado. Wilder é um dos cotados para assumir a vaga de vice-prefeito na chapa de Iris se o prefeito decidir disputar a reeleição.
Até que o político do MDB defina sua situação eleitoral este ano, o jogo político de olho nas urnas em outubro segue indefinido. Todos os pré-candidatos sabem que serão duas corridas completamente diferentes disputar com Iris ou se lançar sem o prefeito na concorrência. E Caiado pode até sonhar com a continuidade da costura com o emedebista para 2022 se Iris conseguir se reeleger em 2020 em Goiânia.
É claro que tudo depende de um arranjo que não ocorreu em 2018: convencer Daniel Vilela a apoiar uma candidatura a reeleição do governador democrata em 2022. O presidente estadual do MDB pode surgir novamente como candidato do partido de Iris ao cargo hoje ocupado por Caiado. E no jogo de 2022 entram o acordo administrativo do PP do ex-ministro Alexandre Baldy, a permanência ou saída do senador Vanderlan Cardoso na sigla presidida por Baldy e o que o ex-deputado federal Vilmar Rocha (PSD) tem a oferecer para o congressista até a próxima eleição estadual.
O fato é que a eleição de 2018 ficou para trás. O caminho está aberto para que Caiado e Iris retomem a aliança que muitos torcem para que não se concretize no palanquem neste ano. 2022 é uma outra conversa, mas que começa a ser desenhada em outubro de 2020.