Apesar das rusgas, maioria dos aliados de Ronaldo Caiado se posicionam favoráveis e enxergam com naturalidade um possível apoio emedebista para a disputa das eleições de 2022

Com menos de um ano e meio para a disputa eleitoral que deve escolher deputados estaduais, federais, senadores, governadores e presidente da república, o cenário político em Goiás começa a aquecer articulando as suas bases político-eleitorais para chegar com musculatura reforçada para concorrer aos pleitos. Naturalmente, o governador Ronaldo Caiado (DEM) deve buscar a reeleição.

Para construção de uma chapa competitiva, quiçá para vitória no primeiro turno conforme ocorreu em 2018, quando Caiado foi eleito com  59,73% dos votos válidos, o governador deve ampliar sua base aliada e agregar novos partidos e lideranças políticas para chegar na campanha eleitoral de 2022 com a musculatura reforçada para concorrer a reeleição.

Nos bastidores têm se falado da real possibilidade  do chefe do poder executivo estadual fechar aliança com o MDB, partido tradicional em concorrer eleições majoritárias no estado de Goiás. Sigla do ex-governador e tradicional político Iris Rezende, de Daniel Vilela e Gustavo Mendanha, jovens que têm se destacado no cenário.

Em 2018, o MDB disputou o governo. O presidente estadual do partido e ex-deputado federal, Daniel Vilela foi o segundo mais bem votado com 479.180 votos, representando 16,14%. Em 2020, a sigla venceu as eleições para Prefeitura de Goiânia em um chapa com o Republicanos.

Apesar da relação com desgaste e das rusgas formadas ainda no pleito de 2018, quando o MDB expurgou lideranças da sigla após manifestar apoio a eleição de Ronaldo Caiado, a maioria dos aliados do governador tem se manifestado favorável a uma possível a aliança entre Ronaldo Caiado e MDB.

Fonte próxima ao comandante do Palácio das Esmeraldas afirma que apesar de muito cedo para a disputa eleitoral e do momento delicado diante da pandemia da Covid-19, o DEM, partido do governador, tem mantido intensos diálogos com o MDB visando aparar as arestas para aliança em 2022. E, possivelmente, quem está no governo e é próximo a Caiado não deve se opor, caso o cenário de confirme. “É uma questão de hierarquia. A medida em que você está no governo é natural seguir as diretrizes do gestor”.

O presidente da Assembleia Legislativa de Goiás, deputado Lissauer Vieira (PSB) – a caminho do PSD, se este ficar na base do governador – é forte aliado do governo e confirma que existe uma possibilidade de aproximação com o MDB. “O governador tem o apoio declarado do Iris para a reeleição. Vejo que existe uma porta aberta para o MDB compor com a base do governo”.

Lissauer se diz favorável a confirmação deste cenário. “Eu faço votos para que isso aconteça. Daniel é um político jovem, tem um grande futuro pela frente. O MDB é um partido que tem raízes no estado, tem história e tem um líder importante, que é o Iris, e é um partido que tem estrutura política importantíssima para estar na base do governador.”

Para o deputado federal, José Nelto (Podemos), o MDB está fatiado com tem três correntes distintas – Daniel Vilela, Gustavo Mendanha e Iris Rezende – e o partido tem tradição em lançar candidatos ao governo desde 1982. Por isso, “eu não sei se o partido irá aliar com o governador Ronaldo Caiado. Mas, se isso ocorrer, o MDB consolida a reeleição do governador. Essa aliança tem o meu apoio. O Podemos deve discutir e ouvir os 14 prefeitos [da sigla]. Mas o apoio a candidatura a reeleição do Ronaldo Caiado é incondicional. O Podemos é o partido que ele tem a confiança e que não trai.”

Presidente da Codego e ex-prefeito de Goianésia, a caminho do Democratas, e pré-candidato a deputado estadual, Renato de Castro também acredita na conjuntura da composição DEM e MDB. “Sou favorável ao governador ter liberdade para formar aliança que ele achar conveniente para facilitar vencer as eleições de 2022”. Renato quis ser candidato a prefeito de Goianésia pelo MDB, mas foi barrado, pessoalmente, por Daniel Vilela.

O ex-deputado estadual, Lívio Luciano, auxiliar e parceiro de primeira hora do governador Ronaldo Caiado, pontua que o chefe do executivo tem estado focado no trabalho administrativo e nas dificuldades enfrentadas diante da pandemia. “Está mais ligado a administração. Mas o governo precisa de sustentação política e mantém o diálogo com lideranças partidárias”.

Segundo Lívio, seria natural o MDB compor a base de apoio à reeleição do governador. A sigla tem identificação com o Caiado desde 2014, quando foi eleito senador por Goiás, Após várias eleições integrando a base do PSDB, disputou o pleito na chapa do ex-governador Iris Rezende, de quem foi adversário histórico. “Hoje existe uma aproximação e uma identificação do MDB com a gestão do governador. Eu vejo uma com naturalidade e com bons olhos uma futura aliança”.

Sobre a situação política conflituosa que se formou nas eleições municipais de 2020, sobretudo em Rio Verde, durante a disputa a reeleição de Paulo do Vale do MDB, Daniel Vilela lançou outro candidato para tentar derrotá-lo, Lívio Luciano destaca que a questão evidentemente deve ser levada em conta para a aliança DEM e MDB. “Muitos podem não estar satisfeitos”.

Nessa perspectiva, o ex-deputado estadual, analisa que a situação é diferente, visto que desta vez o projeto político é encabeçado pelo grupo de apoio do governador. Neste caso, quem viria para compor seria a turma do MDB. “Na política não se pode rejeitar apoio. O MDB que vem para apoiar um projeto que é nosso. Confiam e avaliam com positivo e comungam dos mesmos ideias.”

Diante dos fatos, analistas políticos frisam que a escolha do vice do governador Ronaldo Caiado tem de ser escolhido com cuidado. Porque, se Ronaldo for reeleito em 2022, seu vice assumirá o governo em 2026 e, por isso, tende a ser candidato à reeleição. Nesse sentido, Lívio é categórico. “Da mesma forma que eu acho natural o MDB estar na base de apoio do governador, eu não acho natural ter vice definido. Isso precisa ser discutido e definido no momento oportuno. Com desprendimento, já que podemos ter mais de um interessados em ser vice do Caiado”.