Vereadores ficam insatisfeitos com falta de respostas do diretor da Comurg
27 março 2023 às 19h27
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Atualizada às 10h42 de 28/03 com posicionamento da Comurg
O diretor administrativo financeiro da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), Adriano Renato Gouveia, não soube responder a maioria dos questionamentos feitos pelos vereadores na reunião da Comissão Especial de Inquérito (CEI) que investiga possíveis irregularidades no órgão.
Os vereadores demonstraram irritação e desconfiança com a falta de clareza nas respostas ou a falta de afinidade com os números solicitados. “Eu tenho esses números, mas não tenho condições humanas de ter esses números na cabeça”, justificou Adriano.
“Não sou advogado. Desconheço sobre a lei”, respondeu ao ser perguntado sobre tópicos como a lei de licitações e sobre a contratações de parentes do presidente do órgão, Alisson Borges, para funções de confiança.
“A empresa tem mais de 7 mil funcionários. É praticamente impossível saber sobre a vida de todos”, explicou o diretor.Em meio à sabatina, Adriano reforçou que foi contratado com a missão de reduzir custos, aumentar receita empresa e respeitar a lei. “Não existe mágica. Tem que reduzir custo. Mas se mexer na operação, diminuo a produtividade e perco a oportunidade de novos contratos”, declarou.
Segundo o diretor, a estratégia da atual gestão é buscar mais contratos com outras secretarias. “Pra isso preciso de planejamento”, completou.O diretor revelou ainda aos vereadores que não participa de reuniões na Prefeitura para tratar de qualquer questão. “Meu relacionamento é apenas com o presidente Alisson”, disse.
Adriano reforçou que a Comurg é uma empresa deficitária. Segundo ele, em 2016, a empresa recebia R$438 mi. Nessa época, R$ 263 mi eram gastos com a folha de pagamento, sobrando R$ 175 mi a serem gastos com a operação do órgão.Seis anos depois, em 2022, a realidade era bem diferente. Com apenas R$ 10 mi a mais em contratos (R$ 448 mi), a folha de pagamento teve um acréscimo de R$ 116 mi, sobrando R$ 69 mi pra operação.
Sobre o contrato pra fazer 50 praças em Goiânia, que teve o valor adiantado pela Prefeitura, o diretor afirmou que 88% das praças já foram entregues. “Todo o dinheiro foi empenhado. Tenho em estoque o material pra ser feita a execução. A sociedade goiana pode ficar tranquila que 100% do contrato será executado”, tranquilizou.
Para o relator da CEI, Thialu Guiotti, a CEI precisa responder porque o serviço não está sendo prestado. “Não dá para dizer para o cidadão que teve inflação e que por isso o serviço não está sendo realizado”, afirmou.
O parlamentar disse ainda que acha é preocupante quando um órgão deficitário fica calado ao não receber valores vultuosos, que superam R$ 1 milhão. “O que está bem visível é a má gestão. Falta gestão na Comurg”, avaliou o presidente da CEI, Ronilson Reis.
“Existe uma falta de conhecimento ou se faz de conta que não tem conhecimento, e outro ponto é a falta de transparência no Portal da Transparência que desde semana passada tento acessar os valores”, completou Ronilson.
Um contrato de combustível de R$ 170 mi reais também foi alvo de questionamentos. Os parlamentares denunciaram que o gestor desse contrato seria um amigo pessoal de Adriano.
Para o vice-presidente da CEI, vereador Welton Lemos, o próximo passo é pedir toda a documentação para que os parlamentares possam conferir os valores pagos. “Vamos cruzar os dadora e verificar se inquérito foi dito aqui é o que é”, declarou.Os valores pagos de jetons também foram questionados já CEI.
Adriano confirmou que faz parte de duas comissões, mas não soube precisar o valor que recebe por cada reunião. Segundo Ronilson, cada reunião renderia aos participantes mais de R$ 5 mil.“Se compliance não apontou má gestão, então está tendo sumiço de dinheiro?”, perguntou Thialu Guiotti, que acredita que um sinal amarelo (de má gestão) foi aceso pela falta de informações básicas.
O diretor da Comurg saiu da CEI sem falar com a imprensa.
Resposta
Em nota, a Comurg afirmou ao Jornal Opção que a companhia acumulava, desde outubro de 2021, dívida para com o IMAS, mas já havia manifestado interesse em sanar o débito em reunião realizada entre as partes. Segundo a nota, o pagamento foi acordado ainda no ano passado.
“Finalmente em outubro de 2022, foi sacramentado o acordo, onde a Comurg fará o repasse de R$ 2 milhões, por mês, a partir do dia 31 do corrente mês (março)”, diz a nota.
O texto ainda esclarece que o pagamento será feito com oito parcelas de R$ 2 milhões, o que irá garantir a quitação do débito.