Valdemar dispara contra Eduardo Bolsonaro e acende crise no PL: “Vai ajudar a matar o pai de vez?”

20 setembro 2025 às 14h03

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A disputa interna pelo futuro da direita brasileira ganhou um novo capítulo explosivo nesta sexta-feira,19, quando o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, fez uma declaração polêmica sobre o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Em entrevista à Folha de S. Paulo, Valdemar afirmou que uma eventual candidatura de Eduardo à Presidência da República, sem o aval do pai, Jair Bolsonaro, poderia “ajudar a matar” o ex-presidente.
A fala provocou forte reação do parlamentar, que classificou a declaração como “canalhice” e exigiu desculpas públicas. A tensão ocorre em meio à especulação de que Eduardo pode deixar o PL para disputar o Palácio do Planalto em 2026, caso o pai permaneça inelegível.
Valdemar reforçou que espera ver Jair Bolsonaro como o candidato da direita nas próximas eleições. Caso isso não seja possível, caberia ao ex-presidente indicar seu sucessor. “Não acredito que brigue com o pai dele… Vai ajudar a matar o pai de vez? Porque o que o Bolsonaro está passando… Nossa Senhora”, disse o dirigente.
Segundo ele, Eduardo deve obediência ao pai, já que sua força política vem da herança bolsonarista. Valdemar também mencionou que Bolsonaro é imprevisível e pode surpreender ao escolher nomes fora do radar, como o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD).
A resposta de Eduardo veio em tom duro. Em declaração à coluna de Bela Megale, no O Globo, o deputado disse que não esperava esse tipo de ataque nem mesmo de Valdemar. “Dizer que um filho ajudaria a matar o próprio pai, se ele não aceitar as chantagens que até seus aliados mais próximos estão fazendo com ele, é de uma canalhice que não esperava nem mesmo de você, Valdemar”, afirmou.
O parlamentar ainda disse aguardar um pedido de desculpas e sugeriu que o presidente do PL tenha se “atrapalhado com as palavras”.
Desde março, Eduardo Bolsonaro está nos Estados Unidos, onde tem articulado sanções contra autoridades brasileiras, especialmente contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF. Ele também condiciona a aprovação de uma anistia ampla aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro à negociação das tarifas impostas pelos EUA ao Brasil.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que chegou a ser cotado como possível presidenciável, voltou a afirmar que pretende disputar a reeleição. Eduardo, por sua vez, criticou Tarcísio por tentar negociar o chamado “tarifaço” com os americanos.
Anistia em debate
A Câmara dos Deputados aprovou na quarta-feira, 17, a urgência na tramitação do projeto de anistia, com 311 votos favoráveis e 163 contrários. No entanto, o relator Paulinho da Força (Solidariedade-SP) descartou a proposta de anistia ampla, indicando que o texto deve tratar apenas da redução de penas.
No último dia 11, Jair Bolsonaro foi condenado pela Primeira Turma a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado. Outros sete integrantes do chamado “núcleo crucial” também foram sentenciados.
Crise aberta
A troca de farpas entre Valdemar e Eduardo escancara a disputa pelo comando da direita pós-Bolsonaro. Com o ex-presidente fora do jogo eleitoral por enquanto, aliados se movimentam para ocupar o espaço, e as divergências internas já começam a sair do controle.
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