“Robôs” da corrupção: Mabel diz enfrentar sistema viciado e promete mudanças na Saúde

29 agosto 2025 às 18h59

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*Colaborou João Reynol
Em meio à crise da saúde pública municipal, o prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (UB), apresentou, durante coletiva, nesta sexta-feira, 29, um plano ousado de reestruturação que envolve desde a revitalização de maternidades até a implantação de pediatria 24 horas nos Centros de Atendimento Integral à Saúde (CAIS). Com um discurso firme e recheado de dados, Mabel revelou os bastidores de uma gestão que assumiu o sistema em estado crítico e tenta, dia após dia, reconstruí-lo com eficiência, economia e transparência.
Segundo o gestor, a prefeitura assumiu as maternidades municipais duas semanas antes do previsto, em caráter emergencial. “Vimos que a situação não estava como gostaríamos”, declarou Mabel. A gestão foi transferida para três novas empresas, com destaque para a Maternidade Dona Íris, que já passa por reformas estruturais, incluindo a troca completa do telhado, apontou o Mabel.
O prefeito garantiu que o abastecimento de medicamentos e insumos foi normalizado, algo que, segundo ele, “há muito tempo não se via”. A nova gestão representa uma economia de R$ 3,5 milhões em relação ao contrato anterior. “Tenho certeza absoluta que vamos fazer um trabalho muito melhor”, afirmou.
Outro ponto destacado foi o papel regional das maternidades: 54% dos nascimentos são de crianças vindas de outras cidades, como Piracanjuba. “A prefeitura paga”, reforçou Mabel, defendendo o compromisso da capital com o atendimento regional.
CAIS
Mabel anunciou melhorias significativas nos CAIS, incluindo atendimento pediátrico 24 horas, sete dias por semana. “Tudo isso porque estamos fazendo dinheiro”, disse, referindo-se à racionalização de gastos e combate ao desperdício.
O plano é ambicioso: “Quero trocar todos os CAIS, todas as roupas, quero trocar todo o sistema de saúde nesses quatro anos. Pra isso, precisa ter muita rigidez em todas as áreas.” O prefeito também destacou o enfrentamento à corrupção: “Essa parte de despesa, vazamento, corrupção, nós estamos pegando com muita força. Eu não tenho complacência com isso”, apontou.
Dívida bilionária
A transição da gestão das maternidades, da Fundac para o Instituto Patris, foi feita “da noite pro dia”, segundo Mabel, sem interrupção nos serviços. “A Célia Câmara já está atendendo de porta aberta”, afirmou.
Mas o cenário financeiro é desolador: “Recebemos 5 bilhões de dívidas. Só na saúde, temos 1 bilhão e meio”, disse. O prefeito relatou os dilemas enfrentados no início da gestão, como ter que escolher entre comprar comida ou remédios. “Foi um começo traumático. Fazia macarrão com menos carne”, pontuou.
Apesar dos desafios, Mabel afirma que os postos de saúde estão sendo equilibrados e que já há entre 70% e 80% dos medicamentos disponíveis. Em um gesto simbólico, revelou que não recebe seu salário: “Compro coisas da saúde e entrego nota fiscal no meu nome”, afirmou.
Combate a vícios
O prefeito também criticou práticas anteriores no Instituto de Assistência à Saúde (IAS), onde não havia contratos formais e os pagamentos eram feitos por ressarcimento. “O cara entra no hospital, faz 40 exames antes da consulta. Não é assim. Tem que ter contrato. São 3, 4, 5 exames básicos que se faz, aí o médico atende”, apontou.
Para Mabel, mudar essa cultura é como enfrentar uma máquina que se reconstrói sozinha: “É que nem aquelas lutas de robô, que você tira uma bazuca do robô, ele se junta de novo e começa a atuar outra vez. É isso que a gente vê todo dia”, disse.