Reabertura de inquérito contra Valdemar Costa Neto acende alerta dos bolsonaristas; entenda
23 outubro 2025 às 18h43

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A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de reabrir a investigação contra Valdemar Costa Neto, presidente do Partido Liberal (PL), acendeu um alerta entre aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. A medida, tomada pela Primeira Turma da Corte por sugestão do ministro Alexandre de Moraes, reacende tensões internas e ameaça comprometer as articulações políticas da legenda para as eleições de 2026.
Segundo informações da Folha de S. Paulo, a nova fase da investigação aprofunda a crise interna no PL e coloca em xeque a capacidade de articulação da legenda. Com seus principais líderes sob pressão judicial, o partido enfrenta um cenário de incertezas e fragilidade política.
Valdemar é acusado de envolvimento na tentativa de golpe de Estado em 2022, por meio da contratação do Instituto Voto Legal, que elaborou um relatório questionando a integridade das urnas eletrônicas. O documento foi usado pelo PL para pedir a anulação de votos em quase metade das urnas utilizadas na eleição presidencial, pedido rejeitado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que aplicou uma multa de R$ 23 milhões ao partido por litigância de má-fé.
Embora Valdemar tenha sido indiciado pela Polícia Federal, ele não chegou a ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Com a reabertura do inquérito, a PGR deverá analisar se há novos elementos suficientes para avançar com a denúncia.
Ainda de acordo com a Folha de S. Paulo, a decisão do STF também impacta diretamente Jair Bolsonaro, que cumpre prisão domiciliar e está proibido de manter contato com outros réus e investigados no caso da trama golpista, incluindo Valdemar, com quem mantinha interlocução constante para definir estratégias eleitorais e nomes para o Senado.
Aliados avaliam que a impossibilidade de diálogo entre os dois líderes enfraquece a articulação nacional do PL. Valdemar tem intensificado viagens pelo país, papel que antes era desempenhado por Bolsonaro, agora mais retraído e preocupado com a possibilidade de cumprir pena em regime fechado após o fim dos recursos judiciais.
A decisão provocou reações inflamadas nas redes sociais. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) classificou a investigação como uma “desculpa para cassar o registro do PL” e ironizou o STF: “Mais um gol de mão que o VAR da 1ª turma do STF vai validar, pelo bem da democracia, claro”.
O deputado Carlos Jordy (PL-RJ) também criticou a medida: “Questionar as urnas buscando o aprimoramento do processo eleitoral se tornou crime”. Já o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), reafirmou seu “total apoio ao presidente Valdemar Costa Neto, que atuou dentro da legalidade e com respeito às instituições brasileiras”.
A reabertura do inquérito ocorre no mesmo momento em que o STF publica o acórdão que condena Bolsonaro e outros sete réus por tentativa de golpe. Com isso, os prazos para recursos começam a contar, e ministros da Corte preveem que o cumprimento de pena em regime fechado pode ocorrer ainda em 2025.
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