Condenado e inelegível, após decisão do Tribunal Superior Eleitora (TSE), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pode ser o principal “cabo eleitoral” para o candidato favorito a ocupar o posto de procurador-geral da República, o atual vice-procurador-geral eleitoral, Paulo Gustavo Gonet Branco. A partir do dia 26 de setembro, Augusto Aras deixa o comando da Procuraria-geral da República (PGR) e a atuação de Paulo no julgamento do ex-presidente pode ter sido determinante para ser o escolhido.

O nome de Paulo Gustavo tem sido defendido por ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e também temo apoio do ministro da Justiça, Flávio Dino. Nos corredores de Brasília, comenta-se ainda que o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria preferência pelo favorito.

Ainda existe a possibilidade de recondução de Aras ao cargo por mais dois anos, mas, por conta de sua ligação com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a chance tem sido encarada como quase nula em Brasília. Até o próprio procurador-geral teria dito a interlocutores que não tem a intenção de continuar no cargo.

Paulo Gustavo tem um perfil discreto e os colegas o vêem como conciliador. Ele conta com o apoio dos ministros Alexandre de Morais e Dias Toffoli. Gonet Branco também é próximo do ministro Gilmar Mendes, do STF. Os dois foram sócios no Instituto Brasiliense de Direito Público.

Testemunhas garantem que tanto Gilmar quanto Alexandre já verbalizaram para Lula a preferência por Paulo em um churrasco no Palácio da Alvorada há cerca de um mês. Mas é Flávio Dino quem estaria articulando a favor do atual vice-procurador-geral eleitoral.

Outros nomes

O nome do irmão do ministro da Justiça, Nicolao Dino, que é subprocurador, chegou a ser ventilado para chefiar a PGR, mas governistas estariam receosos em concentrar o poder em uma única família, uma vez que é cada vez mais necessário contemplar outros grupos políticos dentro do governo federal.

Nicolao estaria se movimentando para assumir uma vaga no Superior Tribunal de Justiça (STJ), destinada a membros do Ministério Público Federal (MPF). Seu nome já chegou a constar em listas tríplices da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) em 2017 e 2021. Mas seu irmão, Flávio Dino, também estaria cotado para ocupar uma cadeira no STF, que deve vagar em outubro com a aposentadoria de Rosa Weber.

Lula já avisou que não vai utilizar a lista tríplice para fazer a escolha. O Planalto nem estaria respondendo a um pedido de agenda com a ANPR. A decisão será pessoal e o presidente, constitucionalmente, não precisa atender ao critério adotado em outros governos.

Se Paulo Gustavo não for o escolhido, outro nome que aparece na disputa é o do subprocurador Antonio Carlos Bigonha, que chegou a ser presidente da ANPR. Considerado como progressista pelos colegas, estaria mais alinhado à ideologia petista.

Apesar de ser considerado aliado de Bolsonaro, Aras também estaria articulando para fazer seu sucessor. Nesse caso, o coordenador do Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos, Carlos Frederico Santos, seria o mais indicado. Ele ganhou destaque com as investigações dos atos golpistas de 8 de janeiro e é próximo do atual procurador-geral da República.