Manifestações organizadas por movimentos sociais, artistas e apoiadores do governo reuniram mais de 80 mil pessoas no Rio de Janeiro e em São Paulo, neste domingo, 21, em protesto contra a PEC da Blindagem e a proposta de anistia a condenados pela tentativa de golpe de 8 de janeiro. Os atos também ocorreram em todas as demais capitais do país.

Em São Paulo, cerca de 42,3 mil pessoas se concentraram na Avenida Paulista, segundo levantamento do Monitor do Debate Político no Meio Digital, da USP. No Rio, a praia de Copacabana recebeu 41,8 mil manifestantes. Os números superaram mobilizações recentes da esquerda e se equipararam a atos bolsonaristas dos últimos meses.

No Rio, artistas como Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Djavan e Paulinho da Viola participaram da manifestação em um trio elétrico. Canções de protesto como Podres Poderes e Cálice marcaram a programação. Em Salvador, Daniela Mercury e Wagner Moura dividiram palco em defesa da democracia. Em Brasília, o cantor Chico César também participou.

As manifestações miraram principalmente parlamentares do Centrão e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que articulam a aprovação da PEC e do projeto de anistia. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), foi alvo de críticas e palavras de ordem em seu estado natal.

A pressão popular ocorre às vésperas da análise da PEC da Blindagem no Senado. O relator da proposta, senador Alessandro Vieira (MDB-SE), já antecipou parecer contrário, classificando o texto como “um absurdo, um tapa na cara da sociedade”. O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Otto Alencar (PSD-BA), afirmou que pretende “enterrar” a PEC na sessão desta quarta-feira.

A proposta aprovada pela Câmara prevê ampliar obstáculos para abertura de processos criminais contra parlamentares e incluir presidentes de partidos entre os beneficiados, além de determinar votação secreta em casos de prisão em flagrante. Após a repercussão negativa, deputados de partidos como PT, PSB e União Brasil que votaram a favor chegaram a publicar pedidos de desculpas.

O debate sobre a anistia também deve avançar nesta semana. O relator do projeto, deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), tem reuniões previstas com governistas e oposicionistas para tentar construir um texto de consenso. Ele, no entanto, já declarou que não irá incluir Jair Bolsonaro entre os beneficiados.

Nas redes sociais, o presidente Lula destacou que as manifestações mostraram que “a população não quer impunidade, nem anistia” e defendeu que o Congresso priorize medidas em benefício da sociedade.

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