Ministro de Lula nega saída do governo apesar de pressão do União Brasil

29 agosto 2025 às 18h27

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O titular do Ministério do Turismo, Celso Sabino (UB), enfrenta forte pressão interna do União Brasil para deixar o governo federal. Interlocutores, inclusive, apontam que Sabino está com os dias contados na pasta. Apesar dos rumores e das movimentações da cúpula partidária, o ministro afirma que segue no cargo e continua cumprindo sua agenda institucional.
Durante a semana, Sabino foi alvo de críticas de parlamentares do próprio partido em grupos internos de WhatsApp. Em resposta, o ministro lembrou que diversos deputados indicaram aliados para cargos em sua pasta desde que assumiu o ministério. A ofensiva liderada por Antônio Rueda, presidente do União Brasil, intensificou-se nos últimos dias, com ameaças de expulsão caso Sabino não entregue o cargo.
Mesmo diante do ultimato, o ministro declarou publicamente que “nada foi decidido” e que as informações sobre sua saída não passam de especulações. “Nosso foco é trabalhar pelo turismo e pelo Brasil. Não são verídicas as informações sobre uma possível saída”, afirmou Sabino durante agenda oficial em Belém (PA), onde liderou a instalação de placas de sinalização turística.
A tensão entre o governo Lula e o União Brasil se agravou após declarações do presidente da República, que disse não gostar de Rueda, a quem chamou de “golpista”. A sigla reagiu com nota oficial cobrando respeito institucional e reafirmando sua postura de independência. Embora o União Brasil esteja tecnicamente na base governista, sua atuação no Congresso tem sido marcada por posicionamentos críticos e alinhamento com pautas da oposição.
Além de Sabino, o ministro do Esporte, André Fufuca (PP-MA), também está sob pressão de sua legenda, o Progressistas. Ambos receberam ultimatos para escolher entre manter seus cargos ou seguir o alinhamento partidário. No caso de Fufuca, a decisão deve ser tomada após reunião com o senador Ciro Nogueira (PP-PI), líder da sigla.
A Executiva Nacional do União Brasil deve se reunir na próxima semana para oficializar o desembarque da base governista e proibir que filiados ocupem cargos no governo Lula. A medida, no entanto, não deve atingir ministros indicados por lideranças da sigla que não possuem filiação formal, como Waldez Góes (Integração Nacional) e Frederico Siqueira (Comunicações), ambos apadrinhados pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).
A federação formada por União Brasil, PP e Republicanos reúne atualmente 109 deputados e 14 senadores, configurando um dos maiores blocos do Congresso Nacional. A estratégia do grupo é ampliar sua influência legislativa sem vínculo direto com o Palácio do Planalto.
Enquanto o impasse persiste, Celso Sabino segue tentando conciliar sua permanência no governo com a fidelidade partidária, apostando que ainda é possível reverter a pressão interna e manter sua posição até as eleições de 2026, quando pretende disputar uma vaga no Senado com apoio do presidente Lula.