Maioria dos eleitores goianos ainda desconhece pré-candidatos ao governo de Goiás, aponta Grupom
30 outubro 2025 às 19h47

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A menos de um ano das eleições estaduais, a maior parte dos eleitores goianos ainda não se lembra de ter visto qualquer notícia sobre os principais pré-candidatos ao governo de Goiás. É o que revela uma série de pesquisas divulgadas nesta quinta-feira, 30. As sondagens foram realizadas pela Grupom Consultoria entre abril e setembro deste ano, com 2.483 entrevistados em 125 municípios.
Mario Rodrigues Neto, diretor da Grupom Consultoria, destaca que os números da pesquisa revelam um cenário de baixa conexão entre os pré-candidatos ao governo de Goiás e o eleitorado. Segundo ele, a comunicação política atual tem se mostrado ineficaz, voltada mais para reforçar discursos internos do que para dialogar com as preocupações reais da população. “O eleitor não está prestando atenção em quem apenas aparece. Ele quer conteúdo que o impacte diretamente, que fale com sua realidade”, afirma Mario.
À frente da condução técnica da pesquisa, Mario reforça que os dados apontam para uma necessidade urgente de mudança na estratégia dos candidatos. Para ele, não basta investir em presença digital: é preciso construir uma narrativa clara, coerente e próxima das pessoas. “A lembrança do eleitor não vem da quantidade de postagens, mas da relevância da mensagem. Quem quiser ser notado precisa sair da bolha e falar com o cidadão comum”, conclui.
O levantamento mostra que, apesar de algumas movimentações nas redes sociais e na imprensa, os nomes cotados para a disputa seguem com baixa visibilidade entre o público, especialmente na capital, Goiânia, onde o desconhecimento é mais acentuado. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais.
Durante os seis meses de coleta, os índices de lembrança de notícias sobre os pré-candidatos permaneceram praticamente inalterados. As variações observadas estão dentro da margem de erro, o que indica que não houve mudanças significativas na percepção do eleitorado.
O destaque do período foi Wilder Morais, que conseguiu reduzir em 13,6 pontos percentuais o número de eleitores que não se lembram de notícias sobre ele, passando de 67,4% em julho para 53,8% em setembro. Ainda assim, seu nível de desconhecimento permanece elevado.
Marconi Perillo lidera em reconhecimento, com o menor percentual de desconhecimento entre os nomes avaliados: 29,9% em setembro. Já Daniel Vilela manteve estabilidade ao longo do semestre, sem avanços ou retrocessos relevantes em sua exposição.
Quadro 1: % de entrevistados que não ter visto notícias sobre o candidato (Comparação temporal)
| Candidato | Abril | Julho | Setembro | 
| Daniel Vilela | 46,1% | 49,2% | 47,7% | 
| Marconi Perillo | 31,7% | 34,5% | 29,9% | 
| Wilder Morais | 60,5% | 67,4% | 53,8% | 
A análise regional revela um paradoxo: Goiânia, centro político e midiático do estado, é justamente onde os eleitores menos se lembram de notícias sobre os pré-candidatos. No caso de Wilder Morais, por exemplo, 82,4% dos entrevistados na capital afirmaram não ter visto nenhuma notícia sobre ele.
Em contraste, os eleitores do interior e do Entorno do Distrito Federal demonstraram maior exposição às informações políticas, sugerindo que a comunicação local pode estar sendo mais eficaz — ou, ao menos, mais próxima da realidade cotidiana desses públicos.
Quadro 2: % de entrevistados que não ter visto notícias sobre o candidato (Comparação regional)
| Candidato | Aparecida | Goiânia | Anápolis | Interior | Entorno DF | 
| Daniel Vilela | 49,5% | 72,2% | 58,9% | 48,1% | 46,9% | 
| Marconi Perillo | 31,7% | 44,4% | 31,8% | 34,2% | 33,1% | 
| Wilder Morais | 69,9% | 82,4% | 75,3% | 66,7% | 63,8% | 
Redes sociais dominam como fonte de informação
O estudo também investigou os canais preferidos pelos eleitores para se informar sobre política. As redes sociais lideram com folga, sendo utilizadas por 69,5% dos entrevistados, seguidas por sites e portais de notícias (59,9%) e televisão (46,4%).
Apesar da presença ainda relevante da TV, o ambiente digital se consolidou como principal espaço de debate político, o que impõe aos pré-candidatos o desafio de adaptar suas estratégias à lógica das redes: rápida, volátil e altamente segmentada.
Quadro 3: Meio de informação e % de eleitores que o utilizam
| Meio de informação | % de eleitores que utilizam | 
| Redes sociais (Facebook, Instagram, YouTube etc.) | 69,5% | 
| Sites / Portais / Blogs | 59,9% | 
| TV (aberta ou fechada) | 46,4% | 
| Rádio | 20,5% | 
| Grupos de WhatsApp / Telegram | 16,1% | 
| Conversas com amigos e familiares | 15,0% | 
| Jornais impressos | 9,4% | 
| Não busco por informações | 2,3% | 
| Conversas em igrejas | 1,5% | 
Desafio para os pré-candidatos
A principal conclusão da pesquisa é clara: os esforços de comunicação dos pré-candidatos ainda não estão sendo percebidos pela maioria dos eleitores. A baixa lembrança de notícias, especialmente entre os moradores da capital, revela uma desconexão entre a produção de conteúdo político e o interesse real do público.
Para os postulantes ao Palácio das Esmeraldas, o recado é direto: não basta estar presente nas redes sociais, é preciso construir uma narrativa coerente, gerar reconhecimento e manter consistência ao longo do tempo. Já para os veículos de imprensa, o desafio é reconectar o noticiário político com o cotidiano do cidadão comum.
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