Em um telefonema de 30 minutos realizado nesta segunda-feira, 6, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump (Republicano) reforçaram os laços diplomáticos entre Brasil e Estados Unidos, em uma conversa marcada por cordialidade, trocas pessoais e propostas de cooperação. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), cujo julgamento tem sido usado como justificativa para sanções americanas contra o Brasil, não foi mencionado durante o diálogo, segundo relatos de testemunhas.

O principal pedido de Lula foi a retirada das tarifas comerciais impostas por Trump ao Brasil, além da suspensão de medidas restritivas contra autoridades brasileiras. Entre essas medidas estão o cancelamento de vistos de auxiliares do governo brasileiro e sanções financeiras contra o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, também não citado nominalmente na conversa.

Segundo o Palácio do Planalto, o tom do telefonema foi amistoso. Lula destacou sua disposição para o diálogo, lembrando que, em seus mandatos anteriores, manteve boa relação com o ex-presidente George W. Bush, também republicano. Trump respondeu com elogios ao encontro que tiveram na Assembleia Geral da ONU, em setembro, classificando-o como uma das “poucas coisas boas” do evento, apesar de ter se queixado de problemas técnicos durante seu discurso, como falhas no teleprompter e na escada rolante usada por ele e a primeira-dama Melania Trump.

A conversa também teve momentos descontraídos. Lula comentou estar prestes a completar 80 anos, seis meses mais velho que Trump, que respondeu dizendo ter “vigor de 40 anos”. O presidente brasileiro afirmou que sua energia vem da causa que o move.

No campo diplomático, Lula propôs que as sanções sejam suspensas para que ambos os países possam “negociar a partir do zero”. Trump teria se comprometido a submeter a proposta ao seu secretariado e designou o secretário de Estado Marco Rubio para conduzir as tratativas com o vice-presidente Geraldo Alckmin, o chanceler Mauro Vieira e o ministro da Fazenda Fernando Haddad.

Ambos os líderes concordaram em realizar uma reunião presencial em breve. Lula sugeriu que o encontro ocorra durante a Cúpula da ASEAN, na Malásia, no fim de outubro, e reiterou o convite para que Trump participe da COP30, em Belém (PA). O presidente brasileiro também se colocou à disposição para viajar aos Estados Unidos.

Ao final do telefonema, os dois trocaram números pessoais para manter contato direto, sem intermediários, um gesto simbólico que reforça a reaproximação entre os dois governos.

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