O futuro ministro do governo Lula, André Fufuca (PP-MA) destinou mais de R$ 1,6 milhão para empresa fantasma no Maranhão. O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, anunciou na última sexta-feira, 4, que o presidente vai nomear os deputados Fufuca e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) para o comando de dois ministérios do governo, mas não indicou quais pastas seriam.

Em seu segundo ano de mandato em Brasília, Fufuca destinou ao Maranhão recursos de uma emenda parlamentar que foram parar na P.R.L. Pereira Construções, uma firma obscura que tinha sido aberta pouco tempo antes. Pouco tempo depois, a empresa apareceu no centro de uma investigação federal que envolve desvios milionários de recursos públicos.

O dinheiro da emenda, mais de R$ 1,6 milhão, chegou para Maranhãozinho e Centro do Guilherme, dois municípios distantes quase 250 quilômetros do berço político da família do deputado. Em seguida, as duas prefeituras destinaram recursos à P.R.L. Pereira Construções, com endereço ainda mais distante, em Carutapera, no extremo norte do Maranhão.

A firma, supostamente especializada em “construção de edifícios”, já preenchia todos os requisitos para ser considerada suspeita. Além de funcionar em uma casa, sem sinais de que existia de fato, a empresa havia sido aberta três anos antes, em 2013, em nome de um jovem de 17 anos. O rapaz trabalhava como estagiário de manutenção de máquinas e morava em um conjunto habitacional da periferia de São Luís.

O jovem Paulo Renato Lima Pereira, cujas iniciais davam nome à firma, era também beneficiário do Bolsa Família, embora a empresa aberta em nome dele declarasse ter capital social de R$ 300 mil. Além do mais, a P.R.L. Pereira nunca teve um único funcionário oficialmente registrado. Ou seja, era uma firma fantasma em nome de um laranja.

Outros desvios de recursos

André Fufuca, líder do PP na Câmara, emprega em seu gabinete o dono de uma empresa que presta serviço ao município comandado por seu pai, Fufuca Dantas. Sete contratos já foram assinados pela firma com a prefeitura do interior do Maranhão, totalizando R$ 922,5 mil desde 2017.

Assessor de Fufuca desde abril de 2015, Jorge Luis Cardoso Barros recebe um salário de R$ 3.658 por mês. Em março de 2017, o auxiliar abriu a Centro de Apoio às Famílias Maranhenses, com capital social de R$ 100 mil, para oferecer hospedagem em tratamentos médicos realizados em São Luís para pacientes de Alto Alegre do Pindaré. A cidade está localizada a 300 quilômetros da capital do estado e é governada pelo pai do parlamentar. Dois meses após a criação da empresa, Barros assinou o seu primeiro contrato com o município.

Dos sete contratos, dois foram fechados por pregão eletrônico, e cinco via pregão presencial. O acordo mais recente firmado em janeiro deste pela empresa com o município prevê o recebimento de R$ 286 mil dos cofres de Alto Alegre do Pindaré, o maior valor até o momento.

Os recursos destinados à empresa do assessor de Fufuca são oriundos do Fundo Municipal de Saúde, que, além de verbas periódicas do governo federal, recebe emendas parlamentares, como as de Fufuca, que no ano passado destinou R$ 1,5 milhão por meio do extinto orçamento secreto para o município.