Amanda Servidoni, filiada ao Partido Liberal (PL) em Rio Claro, interior de São Paulo, foi flagrada em áudios de WhatsApp negociando a devolução de parte de uma emenda parlamentar de R$ 300 mil. Nos áudios revelados pelo portal Metrópoles, Amanda exige R$ 100 mil como “retorno” pela liberação da verba pública, prática conhecida como “cashback”. 

Servidoni se apresenta como “assessora regional” da deputada estadual licenciada Valéria Bolsonaro (PL), atual secretária de Políticas para a Mulher do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos). Embora não ocupe cargo oficial na pasta, Amanda é presidente do projeto social “Mulheres pela Fé”, que tem Valéria como madrinha. O escritório político recém-inaugurado pela deputada em Rio Claro funciona no mesmo imóvel da sede do projeto. 

Nos áudios, Amanda afirma que o prefeito beneficiado pela emenda “vai gastar 100 mil com a obra” e que ela quer “pelo menos uns 100 mil” de volta. “Não quero 10%, filho. Vocês não sabem fazer negócio”, diz em um dos trechos. Em outra gravação, ela cobra R$ 100 mil adicionais para “abrir portas” em outros municípios, sugerindo que o esquema se estende a mais cidades do interior paulista. 

Uma das mensagens enviadas por um interlocutor não identificado confirma que as conversas envolviam articulações com prefeitos e deputados. “Foi feito um ofício, foi encaminhado dos R$ 300 mil. Você dá um alô, tá?”, diz o áudio. 

Questionada pela reportagem, Amanda admitiu ser autora dos áudios, mas negou que estivesse tratando de emendas parlamentares. “Trabalho com projetos. Não tenho nada a declarar”, afirmou. 

A prefeitura de Rio Claro confirmou o recebimento de duas emendas de R$ 300 mil enviadas por Valéria Bolsonaro em 2023 e 2024, mas não apresentou documentos que comprovem a destinação dos recursos. Uma das emendas foi usada para comprar um veículo para a Saúde; a outra, enviada por meio de emenda Pix, será aplicada na reforma da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana. 

Eduardo Aparecido dos Santos, assessor jurídico da Secretaria de Políticas para a Mulher, afirmou que Amanda não tem vínculo formal com a pasta e que os áudios não têm relação com Valéria Bolsonaro. “É apoio político e de projetos sociais. Isso é público”, disse. 

Em nota, a secretaria declarou que não possui relação com o projeto “Mulheres pela Fé” e que a gestão de emendas parlamentares é responsabilidade da Assembleia Legislativa e das prefeituras. A secretária Valéria Bolsonaro não se manifestou até o momento. 

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