Deputados estaduais repercutem prisão de Bolsonaro e atacam decisões do STF
05 agosto 2025 às 21h00

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Durante discurso inflamado na Assembleia Legislativa de Goiás, nesta terça-feira, 5, o deputado estadual Amauri Ribeiro (UB) manifestou forte indignação com a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A medida foi tomada após o ex-presidente descumprir restrições impostas pela Justiça, como a proibição de publicar em redes sociais dele ou de terceiros.
Ribeiro, conhecido por sua postura combativa, afirmou que a luta que antes era “em prol de Jair Messias Bolsonaro” agora é “pelo Brasil”. Em sua fala, o parlamentar denunciou o que considera uma inversão de valores no país: “Realmente os bandidos viraram mocinhos, e os mocinhos viraram bandidos, aos olhos de uma justiça que não prevalece nessa nação.”
O deputado acusou o sistema judiciário de agir com parcialidade e de permitir que figuras envolvidas em escândalos de corrupção permaneçam livres. “O maior ladrão desse país está solto e nem usa tornozeleira, e todos os seus comparsas confessos estão soltos com seus processos arquivados”, declarou, em referência ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sem citá-lo diretamente.
Defesa de Bolsonaro
O parlamentar goiano questionou os motivos da prisão do ex-presidente, alegando que não houve envolvimento de Bolsonaro em escândalos como o Mensalão, desvios da Petrobras ou fraudes no INSS. Amauri Ribeiro também minimizou os atos de 8 de janeiro de 2023. “Um golpe de 1.000 pessoas, baderneiros alguns, porque uns não fizeram nada: sem um canivete, sem uma arma, sem um apoio militar. Em um país de mais de 200 milhões de brasileiros. Um golpe?”, ironizou.
Durante entrevista concedida nesta terça-feira, 5, o deputado estadual Major Araújo (PL) fez duras críticas à decisão do ministro Alexandre de Moraes. Segundo o parlamentar, a medida é “incabível e ilegal” e teria sido motivada por “sentimento de vingança” e “perseguição política”.
Major Araújo argumenta que não havia justificativa jurídica para a prisão, já que Bolsonaro não representa risco de fuga nem ameaça ao andamento do processo. “A regra no Brasil é a liberdade. Não há risco de fuga, não há risco ao processo. O presidente já vinha com algumas restrições impostas. Não tinha motivo nenhum”, afirmou.
Ele também contesta a alegação de descumprimento das medidas cautelares, apontando que o vídeo publicado nas redes sociais foi feito por terceiros, como o deputado federal Nikolas Ferreira e o senador Flávio Bolsonaro. “Não há concretamente um pedido dele de que fosse publicado. Quem fez a publicação foram terceiros, por vontade própria”, disse.
Na avaliação do parlamentar, a prisão foi uma resposta às manifestações populares em apoio a Bolsonaro. “Alexandre de Moraes quer ver o povo intimidado em casa. Quando viu tanta gente na rua hostilizando sua atuação, resolveu agir”, declarou. Ele acredita que a medida tende a acirrar ainda mais a polarização política no país: “Se quer pacificar o Brasil, tomou uma péssima medida.”
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