O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), é esperado para prestar depoimento nesta terça-feira, 11, na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, a partir das 9h. Originalmente, o depoimento de Cid estava agendado para a semana passada, mas devido ao esforço concentrado da Câmara dos Deputados, as sessões foram adiadas.

Mauro Cid foi preso em 3 de maio na Operação Venire, que investiga um suposto esquema de fraudes nos cartões de vacinação. Ele é considerado uma peça-chave nas investigações sobre os eventos do 8 de Janeiro.

Com a retomada dos trabalhos da comissão, Mauro Cid deverá esclarecer sobre as mensagens divulgadas pela Polícia Federal (PF), nas quais é sugerida a possibilidade de um golpe de Estado após as eleições presidenciais do ano passado, que resultaram na vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A comissão é composta por 16 deputados e 16 senadores, sendo a maioria formada por membros da base governista, superando a oposição e os partidos independentes. Em um acordo, os membros da comissão decidiram não convidar o ex-presidente Jair Bolsonaro neste primeiro momento.

Depoimento obrigatório

Em 26 de junho, a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o coronel é obrigado a prestar depoimento à CPMI. Ele pode ser acompanhado por advogados e tem o direito de ficar em silêncio para não responder a perguntas que o incriminem.

Mensagens obtidas pela PF no celular analisado revelam um dos diálogos entre Cid e o então subchefe do Estado Maior do Exército, coronel Jean Laward Junior. A conversa ocorreu dias antes do fim do mandato de Bolsonaro e mostra frases como: “O presidente vai ser preso”, “Ferrou, vai ter que ser no voto”, “Pelo amor de Deus, faz alguma coisa”, e “Convença o 01 a salvar este país”.

Lawand e Mauro Cid mantiveram contato mesmo após a derrota de Bolsonaro nas urnas, no fim de 2022. Nas conversas que tiveram durante o período, o coronel cobrou, em diversos momentos, um plano para “salvar” o país, além de algo prático para contestar o resultado das eleições.

Além dos diálogos divulgados pela PF entre oficiais do Exército e reservistas sobre o envolvimento das Forças Armadas, foi encontrada a minuta de um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) que poderia servir de base para um suposto golpe de Estado.