Contratos milionários entre empresa de presidente da Acieg e Comurg estão na mira da CEI
29 março 2023 às 19h01
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Os contratos nº 122/2020 e o de nº 95/2022 da Dtec Brasil com a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), que somados ultrapassam os R$ 20 milhões, foram a motivação da convocação do presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Goiás (Acieg), Rubens Fileti, a comparecer na Comissão Especial de Inquérito que investiga possíveis irregularidades na Companhia (CEI da Comurg). O último documento, inclusive, foi assinado pelo atual presidente do órgão, Alisson Borges e pelo então diretor administrativo financeiro da pasta, Ricardo de Souza Itacarambi.
Em 25 de setembro de 2020, foi assinado o primeiro contrato da Dtec Brasil com a Comurg no valor de R$ 3.411.173,40. Na ocasião, Aristóteles de Paula Sobrinho era o presidente do órgão. Além deles, outros quatro diretores também assinaram o documento, entre eles, o diretor de planejamento e obras, Edmar Ferreira da Silva, sogro do atual presidente Alisson Borges.
Em 25 de março de 2022, foi assinado pelo presidente Alisson e o diretor Itacarambi o primeiro aditivo do contrato nº 122/2020 no valor de R$ 3.411.173,40. No mesmo ano, em 7 de outubro, foi assinado outro aditivo, no valor de R$ 3.411.173,40. Por fim, o serviço custou o triplo do valor do primeiro contrato de 2022.
Poucos dias depois, em 19 de outubro, um novo contrato foi assinado entra a mesma empresa e a Comurg no valor de R$ 11.391.538,11. Somados todos os aditivos, os contratos da Dtec Brasil com a companhia ultrapassam os R$ 20 milhões. O Jornal Opção entrou em contato com Rubens Fileti que respondeu por meio de nota: ” até o presente momento a empresa Distribuidora de Tecnologia Brasil, desconhece qualquer convite / convocação para comparecimento a referida CEI. Caso haja, a empresa não se furtará a comparecer para prestar os devidos esclarecimentos”.
Vereadores querem explicações
Segundo o presidente da CEI, vereador Ronilson Reis (PMB), os contratos dizem respeito à programação, instalação, acompanhamento e treinamento de um sistema de folha de ponto que a Comurg usa, que é diferente do restante das secretarias da Prefeitura. Ronilson adiantou ainda que a comissão precisa entender a finalidade dos aditivos dos contratos e o porquê da companhia precisar de um programa em separado. “Que aliás é um programa muito ruim porque não detalha a folha de pagamento”, explicou.
Durante a visita técnica que o vereador Ronilson fez à Comurg na última terça-feira, 28, juntamente a veradora Aava Santiago (PSDB) e o vereador Leandro Senna, ele esteve no departamento de Tecnologia da Informação. “Nós percebemos lá que quem está fazendo o serviço são os próprios servidores da Comurg”, alertou.
“Alguém mal intencionado poderia dizer que a Comurg não quer que os demais órgãos tenham acesso aos seus dados de folha de pagamento, por exemplo”, completou Aava. Segundo a vereadora, as informações no Portal da Tranparência são frágeis, por não detalhar a composição salarial dos servidores, principalmente os que estão em cargos de chefia. “Ou o serviço não foi entregue ou não está sendo monitorado a contento”, criticou.
A ida de Ronilson, Aava e Leandro à Comurg, inclusive, foi questionada pela base do prefeito na Câmara e acusaram o presidente da CEI de querer politizar o debate. Aava rebateu dizendo que a “despolitização do erário público é que faz com que a gente encontre contratos com tamanhos indícios de irregularidades”.
A pesquisa sobre os contratos em questão foi feita pela equipe do gabinete da vereadora. E ela garante que não precisa ser titular da Comissão Especial de Inquérito para fazer seu trabalho de fiscalização. “Nós estamos contribuindo com a CEI”, explicou.