Conheça a estratégia dos bolsonaristas para desviar o foco do julgamento nas redes

03 setembro 2025 às 16h36

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Enquanto o Supremo Tribunal Federal (STF) dá início ao julgamento de Jair Bolsonaro (PL) e outros réus por envolvimento na trama golpista, uma intensa mobilização digital vem sendo articulada por seus apoiadores. A estratégia bolsonarista nas redes sociais tem como objetivo central desviar a atenção do processo judicial e construir uma narrativa alternativa que fortaleça a imagem do ex-presidente perante sua base.
A principal frente da ofensiva digital é a campanha com a hashtag #BolsonaroFree, que alcançou mais de 4,8 milhões de menções e chegou ao 4º lugar nos trending topics da plataforma X (antigo Twitter), superando em volume o termo “Bolsonaro condenado”, que teve 1,2 milhão de publicações. A escolha da hashtag, apesar da tradução literal ambígua, foi impulsionada por influenciadores e parlamentares da direita, como Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Damares Alves (Republicanos-DF) e Marcel van Hattem (NOVO-RS), que repetiram a narrativa de perseguição política e injustiça. As informações são do jornalista Lauro Jardim, do jornal O Globo.
A estratégia também incluiu a amplificação da oitiva de Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes. A fala de Tagliaferro foi usada para tentar fragilizar a imagem do magistrado e redirecionar os holofotes do julgamento para supostas irregularidades no STF. Essa tática gerou um pico de engajamento às 19h do primeiro dia de julgamento, com mais de 706 mil postagens analisadas em menos de 24 horas.
A repercussão não se limitou às redes sociais. No Google, a busca “Bolsonaro foi condenado” teve um aumento de 200%, chegando à 4ª posição entre os termos mais pesquisados no Brasil. Outros nomes ligados ao processo, como Demóstenes Torres, Alexandre Ramagem e Anderson Torres, também figuraram entre os mais buscados, indicando o impacto da mobilização digital na curiosidade pública.
Além da atuação nacional, há uma tentativa de internacionalizar o discurso. Eduardo Bolsonaro tem articulado apoio nos Estados Unidos, especialmente junto ao governo Trump e a figuras como Jason Miller, estrategista político ligado ao ex-presidente americano. A ideia é vincular o julgamento à narrativa de “lawfare”, que é o uso da justiça como arma política, e pressionar por sanções internacionais contra autoridades brasileiras.
Polarização
Segundo levantamento da Quaest, 64% das menções nas redes foram contrárias ao julgamento, enquanto apenas 19% apoiavam a responsabilização de Bolsonaro. A direita tem se destacado pela mobilização coordenada, enquanto os críticos ao ex-presidente atuam de forma mais orgânica e dispersa.
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