Áudios vazados exibem relação indevida entre Moro, então juiz, e réu acusado de fraude

08 julho 2023 às 19h09

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O empresário e ex-deputado estadual do Paraná, Antônio Celso Garcia, mais conhecido como Tony Garcia, tornou públicos alguns áudios de conversas que teve com o então juiz Sergio Moro, atual senador pelo partido União-PR. Essas conversas referem-se a informações que seriam divulgadas pela imprensa durante o julgamento de um caso de fraude no Consórcio Garibaldi, no qual o empresário era réu e o senador atuava como juiz.
“Nova conversa confirmando que eu, seu “réu”, tínhamos LIGAÇÕES PERIGOSAS nos bastidores de uma FALSA JUSTIÇA”, publicou Tony um tuíte em que mostrou os áudios. O empresário ainda disse que Moro “foi justiceiro criminoso, jamais juiz”. “Enquanto na magistratura, foi um JUIZ LADRÃO!”, acrescentou.
Recentemente, Tony tem travado uma batalha contra Moro, alegando que o ex-juiz era um “agente infiltrado” contra os acusados no caso Banestado e nos processos da Lava-Jato. Na quarta-feira, 5, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, autorizou a Procuradoria Geral da República (PGR) a investigar as declarações do empresário. A assessoria do senador Sérgio Moro informou que o ex-juiz “não irá se manifestar” sobre os áudios.
Áudios
As conversas foram divididas em três partes, nas quais Tony expressou sua preocupação a Moro sobre possíveis divulgações na imprensa relacionadas a ele. Naquela época, Tony enfrentou uma tentativa de envolvimento em uma fraude no Consórcio Nacional Garibaldi, no qual era um dos sócios.
Ele foi detido por um período de 81 dias e, em 2006, foi condenado. No entanto, devido à sua colaboração com as investigações e ao compromisso de compensar os clientes, conseguiu reduzir sua pena para seis anos de serviços comunitários.
Nos áudios, Tony demonstra preocupação com a menção da empresa na qual estava envolvido e faz perguntas sobre o que seria divulgado. Moro diz que “não vou tocar no nome da Baltimore”.
“Não vai ser tocado em nome de empresa, nada disso? Vai ser tocado no nome da minha pessoa?”, questiona Tony. “Sim, do que foi decidido. […] Eu vou divulgar, esse conteúdo eu vou divulgar porque na verdade é um processo que é uma grande publicidade aí por conta da sua exposição pública, né? E assim, acho que tá sendo divulgado porque…”, responde Moro.
“Não e matar de uma vez, né?”, questiona Tony. “Isso”, afirma Moro. Depois, o empresário pede que “me macule de tal maneira que eu não possa mais trabalhar”. “Para conseguir, inclusive cumprir e deixar esse ônus para Baltimore, que eu não queria”.
“Eu vou… Eu provavelmente vou divulgar uma informação sucinta (inaúdivel) que foi condenado”, diz Moro. “Tá bom”, responde Tony.
“Também devo divulgar no caso das condenações termos e provavelmente ter que deixar meio público aí e falar alguma coisa, falar alguma coisa que a pena foi x”, continua Moro.
“Dano, né.. É, alguma coisa que não acabe comigo comercialmente né para eu poder continuar a trabalhar, é só isso que eu tô pedindo para o senhor”, diz Tony. Moro responde que o réu “pode ficar sossegado”.