Audiência Pública na Alego marca o Dia Nacional do Cerrado

11 setembro 2025 às 20h10

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Em celebração ao Dia Nacional do Cerrado, nesta quinta-feira, 11, a Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) foi palco de uma Audiência Pública promovida pela Comissão de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, reunindo ambientalistas, parlamentares, representantes de universidades e órgãos de fiscalização para debater os desafios e estratégias de preservação do segundo maior bioma brasileiro.
O evento, realizado no Auditório 1 da Casa, teve como foco a valorização do Cerrado como patrimônio ambiental e estratégico para o Brasil, especialmente por seu papel na produção de água e na sustentação de grandes bacias hidrográficas. A audiência também abordou os impactos das queimadas, do desmatamento e da mineração, além da necessidade de fortalecer políticas públicas e ações de fiscalização.
Vítima do descaso ambiental
Nikolaus von Behr, poeta e ambientalista da Fundação Pró Natureza, fez uma fala contundente sobre a invisibilidade do Cerrado diante da sociedade e do agronegócio. “As pessoas não querem se identificar com uma árvore torta, raquítica. Preferem as grandes e bonitas. E assim o Cerrado virou o patinho feio dos biomas”, afirmou.
Ele destacou que o bioma é responsável por alimentar os lençóis freáticos que abastecem as bacias do São Francisco, da Amazônia e do Prata, sendo essencial para a geração de energia limpa no país. “O Cerrado é a caixa d’água do Brasil. Toda vez que um brasileiro liga a luz, há grandes chances de essa energia vir da água que nasceu aqui”, completou.
Von Behr também criticou a substituição drástica da vegetação nativa por monoculturas de raízes rasas, como soja e milho, que não cumprem o papel das árvores do Cerrado na formação de chuvas. “Cada árvore do Cerrado é uma bomba de água atmosférica. Retirar essa cobertura é desligar as bombas”, alertou.
Parlamento e universidades
O deputado estadual Antônio Gomide (PT), presidente da Comissão de Meio Ambiente, reforçou a importância da atuação legislativa e da criação de frentes parlamentares em defesa do Cerrado e da Chapada dos Veadeiros. “Hoje foi um momento de escuta e articulação. Trouxemos diagnósticos da Universidade Federal de Goiás sobre queimadas e desmatamento, além de representantes da mineração, para entender os impactos e buscar soluções conjuntas”, disse.
Gomide também destacou a necessidade de ampliar e fortalecer os parques estaduais e nacionais, além de acompanhar de perto propostas de terceirização da gestão dessas áreas. “Temos 13 parques estaduais e dois nacionais em Goiás. Precisamos garantir que estejam protegidos e que a pauta ambiental esteja presente no dia a dia da Assembleia”, afirmou.
Ibama reforça papel fiscalizador e educativo
Representando o Ibama, Léo Caetado, da Divisão de Proteção Ambiental, ressaltou que a conservação do Cerrado não depende apenas de fiscalização, mas também de educação ambiental. “A água que bebemos, as chuvas que sustentam a agricultura, tudo depende do Cerrado em pé. Não podemos achar que derrubando o bioma vamos continuar produzindo da mesma forma”, disse.
Caetado explicou que o Ibama atua em áreas federais com licenciamento, fiscalização de desmatamentos ilegais, prevenção e combate a incêndios, além de ações educativas. “Só quando mudamos a forma de agir é que conseguimos conservar de verdade”, concluiu.
Ação coletiva
A audiência pública foi marcada por um tom de urgência e colaboração. A presença de prefeitos, vereadores, pesquisadores e ambientalistas reforçou a necessidade de unir forças entre sociedade civil, poder público e instituições acadêmicas para garantir que o Cerrado não continue sendo negligenciado. O evento deixou claro que proteger o bioma é proteger o futuro hídrico, energético e climático do Brasil.
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