Argentinos escolhem hoje próximo presidente: conheça os principais candidatos

22 outubro 2023 às 09h31

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Os argentinos vão às urnas neste domingo, 22, para escolher o próximo presidente do país vizinho ao Brasil. Três candidatos lideram as pesquisas e um deles deve sair vitorioso até o fim do dia. Entre eles, tem representante do peronismo, uma conservadora linha dura na área de segurança pública e até um falastrão que tem sido chamado de “Bolsonaro argentino”. O atual presidente, Alberto Fernández, não está da disputa.
E, para entender o cenário, é preciso ter em conta o peronismo. Com raízes nos anos 40, com Domingo Perón, se trata de um dos principais movimentos políticos da Argentina. Por ter entre seus adeptos tanto integrantes de correntes esquerdistas quanto neoliberais, especialistas chegam a rotular o grupo como um “Frankenstein” da política.
Apesar de especialistas acreditaram que apenas três têm chances reais de se elegeram, cinco candidatos concorrem no pleito. São eles: o peronista que tem ligações com o kirchnerismo, Sergio Massa; o ultraliberal populista, Javier Milei; a conservadora Patricia Bullrich, o peronista anti-kirchnerista, Juan Schiarettti; e a esquerdista Myriam Bregman.
Sergio Massa
O principal candidato peronista nestas eleições é Sergio Massa, um político de centro. Filho de imigrantes italianos, tem ligação com o casal Kirchner, que esteve na Casa Rosada, sede do Executivo argentino, entre 2003 e 2015. Mais tarde, rompeu com os antigos aliados e chegou a denunciar a ex-presidente publicamente. Ex-prefeito de Tigre, na grande Buenos Aires, já foi chefe de gabinete de Cristina Kirchner e já foi presidente da Câmara argentina entra 2019 e 2022.
No ano passado, com a economia argentina à beira do abismo, Massa se tornou ministro da Economia a convite do presidente Alberto Fernández. Se tornou uma espécie de superministro e esse é a sua virtude e sua fraqueza. Apesar de ter reagido nos últimos dias, há pesquisas que o colocam em primeiro lugar na disputa. Mas pesa contra ele a pecha de ser um dos responsáveis pelo fracasso econômico do país.
Javier Milei
Chamado de “Bolsonaro argentino”, foi o pré-candidato mais votado nas primárias. Fundador do próprio partido (A Liberdade Avança), é um economista quase sem experiência política. Adepto de teorias da conspiração e com um discurso antissistema, tem traços em comum tanto com o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, quando com o ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro.
O discurso de Milei tem uma retórica agressiva, com direito a provocações á esquerda. Sua campanha foi marcada por aparições teatrais: chegou a empunhar uma motosserra e incentivou xingamentos contra adversários. Defensor do porte de armas de fogo, é contra o aborto e condena a educação sexual nas escolas. Considera as mudanças climáticas “uma farsa’ e é associado com apologistas da ditadura argentina.
O “Bolsonaro argentino” se define como “anarcocapitalista” e quer a extinção do Banco Central da Argentina. Também defende que seja permitida a venda de órgãos em seu país. E ideias desse tipo acabaram dominando o debate eleitoral, restando pouco espaço para propostas de outros candidatos.
Assim como Trump e Bolsonaro, denunciou que as eleições estão sob risco de “fraude”. No entanto, Milei é visto por especialistas como exótico demais, até para os padrões da ultra direita mundial. Uma biografia sua relata que o candidato tem cono conselheiro político o espírito de um de seus cachorros que já morreu.
Patricia Bullrich
Inicialmente, especialistas acreditavam que Patricia Bullrich seria a candidata que mais se beneficiaria da insatisfação popular contra o governo Fernández. No entanto, a ascensão de Milei desidratou sua campanha. Ligada ao ex-presidente Mauricio Macri, os números ruins desse governo no quesito economia também não ajudam em nada sua candidatura.
Com uma plataforma política centralizada na repressão ao crime na Argentina, também recorreu ao populismo durante a campanha: chegou a prometer um superpresídio para corruptos que levaria o nome do casal Kirchner. De família rica, durante a ditadura argentina, ficou exilada no Brasil. Mais tarde, foi morar na Espanha. Seu passado foi usado por Milei na campanha, que a acusou de “terrorismo” por ter participado de ações de guerrilha.