Os fiscais da Secretaria do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) e policiais do Batalhão Ambiental apreenderam nessa quinta-feira, 17, um caminhão carregado de madeira sem documentação em Iaciara, no Nordeste goiano. De acordo com a fiscalização, a carga originária de Tomé-Açu, no Pará, foi abordada quando chegava a uma fazenda.

Ao todo, a equipe acompanhou o caminhão por cerca de 900 km no território goiano antes de abordá-lo. Além da madeira do veículo, os fiscais relataram que encontraram na propriedade do receptador outra grande quantidade de madeira adquirida ilegalmente. 

À polícia, o proprietário contou que a madeira seria utilizada para a construção de cercas. Contra ele foi lavrado uma multa de R$ 1,76 milhão e a carga foi apreendida até a conclusão do processo legal. 

Como o nome do acusado não foi divulgado não possível ao Jornal Opção tentar o contato com ele ou com o seu advogado.

Fiscalização

No mês passado, o senador Jorge Kajuru (PSB) apresentou uma solicitação ao Ministério Público Federal (MPF) para a instauração de um inquérito investigando a ocorrência de possíveis crimes e infrações ambientais ligadas à geração, comércio e estocagem irregular de madeira no Estado de Goiás. A iniciativa do parlamentar surgiu em resposta à divulgação de dados Semad, que indicaram que, somente no último trimestre, foram aplicados quase R$ 2 milhões em multas.

Conforme informações da pasta, a maior parte das infrações está relacionada à ausência do Documento de Origem Florestal (DOF), que é essencial para o controle da atividade madeireira. O órgão também destacou que os principais focos de consumo ilegal estão concentrados na Capital e em Aparecida de Goiânia.

Na representação, Kajuru apontou que a ausência do DOF pode representar apenas um aspecto de um problema mais amplo, uma vez que a questão da madeira pode ter sido retirada de maneira ilegal de Áreas de Preservação Permanente (APP) e Reservas Legais.

Ele também destaca que Goiás engloba Parques Nacionais e Unidades de Conservação, onde pode ocorrer desmatamento, inclusive em áreas da União. O senador argumenta que a abertura de uma investigação penal é necessária para ampliar as operações de fiscalização da Semad, uma vez que outras transgressões ambientais podem estar associadas a essa questão no Estado.

Além disso, Kajuru enviou ofício à ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva, com o objetivo de exigir um reforço na fiscalização das infrações ambientais em Goiás. Ele ressalta que a Região Centro-Oeste testemunhou um notável aumento nas infrações ambientais durante o primeiro semestre e destacou que a apreensão de cargas de madeira sem informações claras sobre sua origem “revela um sintoma de um problema mais amplo”. Para ele, as ações criminosas ambientais na região Norte possam levar à migração dos infratores para Goiás.

Crimes no Ibama

Em maio deste ano, o Jornal Opção abordou a situação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que no site oficial segue com o cargo de superintendente “vago”, embora o responsável pelo órgão seja o servidor de carreira Werikson Rodrigues Trigueiro.

A reportagem destacou a movimentação política para a ocupação do cargo. Uma delas havia sido indicada em fevereiro pelo deputado federal Adriano do Baldy (pP), que sugeriu o empresário Fábio Brasil de Castro. Fontes do Ibama ressaltam que há interesses também da deputada federal Adriana Accorsi (PT) pela superintendência.

Cabe lembra, que Adriano do Baldy, juntamente com seu mentor político Alexandre Baldy (pP), foi o responsável por indicar o último superintendente do Ibama, Bruno Pinheiro Dias Semeghini. O desempenho de Bruno Pinheiro gerou controvérsias, mencionar o mínimo do período dele à frente do órgão. Pinheiro foi acusado por alguns funcionários de assédio moral e usar politicamente madeiras ilegais apreendidas pelo Ibama.

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