Ex-militar é condenado por organizar rifas para PCC

05 agosto 2023 às 10h25


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O ex-militar da Força Aérea Brasileira (FAB), Marcelo Inocêncio Cordeiro Justo, foi condenado a 11 anos de prisão pela Vara de Delitos e Organizações Criminosas de Fortaleza, no Ceará. Ele nega, mas a Justiça entendeu que ele liderava o grupo que vendia rifas para arrecadar fundos para a facção criminosa PCC em território cearense.
Ainda cabe recursos da decisão, que foi colegiada. Ou seja: definida por três juízes da vara que julga ações criminosas naquele Estado, cujos nomes não são divulgados. O objetivo é proteger os magistrados contra possíveis retaliações do crime organizado.
Conforma consta em gravações feitas com autorização judicial, o ex-militar, também conhecido como Madruga, era o “responsável geral pela rifa do Estado do Ceará”. O valor arrecado era usado então, segundo o que foi julgado, para “transporte, alimentação, gravata, medicação e auxiliar familiares de membros da facção presos”.
Nas conversas interceptadas, Marcelo cobra de parceiros da façção que não queriam pagar pela rifa no valor de R$ 70. O esquema foi descoberto em 2019 nas investigações da “Operação Fênix”. Nos áudios, Madruga afirma que essas pessoas estariam “prejudicando o PCC a custear suas depesas”.
O ex-militar de 50 anos, em uma das conversas, cita 37 nomes de mebros da facção criminosa. Nas gravações também constam apelidos, matrículas e telefones de faccionados.
Além disso, o esquema não envolvia apenas rifas. Era Marcelo quem controlava jogos que tinham o objetivo de arrecadar dinheiro para o PCC. Quem afirmou isso foi o delegado que investigou o caso, Renê Gomes Mesquita, durante seu depoimento em juízo.
Prisão e multa
Além de condenado à prisão, a sentença ordenou o pagamento de uma multa de R$18.612. Madruga segue preso preventivamente e decisão diz que ele “contribuiu fortemente para o cometimento de toda sorte de crimes hediondos, inclusive homicídios e tráfico de drogas, de onde provém a receita principal da ogranização”.
O Jornal Opção não conseguiu contato com a defesa do condenado, mas o ex-militar negou à Justiça de que faria parte do PCC. Em seu depoimento, disse que o número de telefone interceptado não era seu e alegou que, na busca e apreensão, nada de ilícito foi encontrado. Segundo Marcele, ele é “vítima de perseguição”.