Suspeitas, reviravoltas, novos crimes e uma minuciosa investigação compõem o caso Amanda Partata, apontada como autora do duplo homicídio por envenenamento de Luzia Tereza Alves, de 86 anos, e o filho, Leonardo Pereira Alves, de 58. As vítimas morreram no último domingo, 17, após comerem um lanche comprado pela advogada, de 31 anos, em Goiânia.

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As vítimas ingeriram os alimentos envenenados por volta das 10h da manhã e, cerca de três horas depois, começaram a sentir sintomas de vômito, dores abdominais e diarreia. O quadro se manteve até o óbito da idosa e do filho dela, ex-sogro de Amanda. Ambos morreram ainda no domingo. 

As primeiras suspeitas sobre a causa da morte recaíram sobre uma doceria famosa de Goiânia. A filha de Leonardo afirmou, por meio das redes sociais, que as vítimas teriam comido uma sobremesa e depois começaram a passar mal.

“Papai acordou, comeu um alimento comprado em um estabelecimento famoso e bem ‘credificado’, mas acabou passando mal. Vomitou sem parar, por horas, buscou atendimento médico e, quando eu soube da situação, já havia ocorrido uma série de complicações que acabaram levando à óbito”, escreveu.

Luzia e o filho tiveram de ser levados ao Hospital Santa Bárbara, na mesma cidade, onde ficaram internados e morreram. Amanda Partata, a qual estava supostamente grávida, também havia os acompanhado e disse ter ingerido o produto em menor quantidade e recebeu alta pouco tempo depois.

Em nota divulgada no dia seguinte às mortes, a empresa afirmou que colabora com a averiguação dos fatos. Além disso, a loja de doces recolheu o lote de produtos consumidos e deu acesso irrestrito aos estabelecimentos da rede.

A reviravolta

O episódio teve uma grande mudança quando a Polícia Civil de Goiás (PCGO), por meio da Delegacia Estadual de Investigações de Homicídios (DIH), descartou o envolvimento da doceria com as mortes. O Instituto de Defesa do Consumidor (Procon) também esteve no estabelecimento e não encontrou irregularidades.

As autoridades passaram a ter como hipótese central o duplo homicídio. O delegado Carlos Alfama, durante coletiva de imprensa nesta quinta-feira, 21, afirmou que a principal suspeita passou a ser a advogada Amanda Partata, presa na quarta-feira, 20.

Alfama contou que a moça residia em Itumbiara, no sul de Goiás, porém chegou em Goiânia na última quarta. Ela se manteve próxima à família do ex-namorado, com quem se relacionou por um mês e meio e se separou em julho deste ano. 

Ela teria comprado diversos alimentos de café da manhã e levado para a casa das vítimas. A polícia, no entanto, ainda não consegue dizer se o veneno foi inserido nos produtos no local ou no hotel no qual a suposta autora se hospedou enquanto estava na cidade. 

“A suspeita é de que tenha sido no suco, porque é mais fácil de dissolver. Mas pode ter manipulado no copo e lavado depois ou levado o copo embora”, disse o delegado. Até o momento, no entanto, não há maiores detalhes acerca do veneno utilizado. Provavelmente teria sido um pesticida, mas apenas a perícia da Polícia Técnico Científica irá afirmar o produto usado.

Amanda chegou à DIH algemada e com o cabelo sobre o rosto. Enquanto era conduzida ao interior da unidade, a mulher negou o crime. “Eu sou inocente, eu não fiz isso, gente. Eu não fiz nada”, disse.

Nas redes sociais, a moça se apresenta como terapeuta e psicóloga, contudo, em nota, o Conselho Regional de Psicologia de Goiás informou que ela não possui registro ativo. Amanda, na verdade, concluiu o curso de Direito na Universidade Luterana do Brasil e possui inscrição junto à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Motivação e histórico de crimes 

O delegado Carlos Alfama informou que o assassinato teria sido motivado por Amanda ter se sentido rejeitada, após o término da relação com um dos filhos de Leonardo. A investigação alcançou detalhes que reforçam a suspeita sobre a mulher. Após o fim do namoro, ela criou aproximadamente seis perfis falsos em redes sociais e os utilizava para ameaçar o ex-namorado.

Também ligava para os familiares dele, através de números ocultos, e fazia mais ameaças. O próprio Leonardo bloqueou mais de 100 números de telefone dos quais recebia ligações constantes. Para despistar as suspeitas, a advogada até mesmo realizava ameaças a si mesma.

Além disso, a polícia descobriu que Amanda não está grávida. Ela havia anunciado a gravidez uma semana após o fim do relacionamento, mas o exame Beta HCG revelou que ela não estava gestante, embora não seja possível dizer se em algum momento ela esteve.

Os investigadores apontaram que a mulher tem uma série de registros por crimes cometidos nos estados de Goiás, Rio de Janeiro, São Paulo e Pernambuco. Entre os delitos estão estelionatos e até aliciamento de menores, entre 10 e 16 anos, para pratica de sexo e consumo de bebidas alcoólicas.

Agora, a advogada deve ser indiciada por homicídio duplamente qualificado, cuja pena varia de 12 a 30 anos de reclusão. A audiência de custódia de Amanda ocorreu na tarde desta quinta-feira, 21. Durante a sessão, a moça acusou os policiais de a terem agredido. O juiz André Reis Lacerda determinou que a corregedoria da PC apure os fatos.

Amanda pontuou que faz uso de medicamento controlado. A defesa dela também argumentou que a prisão foi irregular por ter acontecido à noite e em uma clínica psiquiatra. Entretanto, o magistrado determinou a manutenção da prisão, por entender que há fortes indícios de materialidade do crime.

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