A Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) promoveu uma nova transferência de presos ligados à cúpula da facção paulista Primeiro Comando da Capital (PCC). A ação faz parte das medidas de segurança adotadas pela pasta devido às ameaças de sequestro e execução de policiais. 

Considerados de altíssima periculosidade, Cláudio Barbará da Silva, 62 anos, e Reginaldo do Nascimento, o Jatobá, 52, deixaram a carceragem de segurança máxima em Mossoró (RN) e já estão na Penitenciária Federal de Brasília (PFBRa), uma das mais seguras do país. 

A transferência foi feita de forma sigilosa, na última terça-feira, 21, mas movimentou forte efetivo da Polícia Penitenciária Federal devido ao risco de resgate dos internos. O rodízio de presos tem previsão legal e ocorre por motivos de segurança. Em geral, familiares e advogados são avisados sobre a nova localidade apenas após a conclusão das operações.

Com a nova composição, Barbará e Jatobá se juntam aos demais cabeças do PCC, como o líder máximo, Marco Willians Herbas Camacho, 55, o Marcola, além de Roberto Soriano, conhecido como Tiriça, e Abel Pacheco de Andrade, mais conhecido como Vida Loka.

Cirurgia

Não é a primeira vez de Barbará na capital federal. Em julho do ano passado, ele chegou a fazer uma cirurgia nos olhos, no Hospital Universitário de Brasília (HUB), na Asa Norte. O criminoso já foi conhecido como “vice-chefe” da facção, e é considerado principal nome da “sintonia final dos estados e países”, como é chamada a cúpula do PCC.

Enquanto equipes formadas por agentes penitenciários federais integravam o comboio que conduzia Barbará ao hospital, equipes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar do DF davam apoio bloqueando algumas ruas. Durante todo o trajeto de São Sebastião, onde fica o presídio, até o HUB, um helicóptero da Divisão de Operações Aéreas (DOA) da Polícia Civil do DF foi usado para fazer o acompanhamento.

O interno foi para o sistema penitenciário federal em novembro de 2018, quando a Justiça de São Paulo determinou a transferência de seis integrantes do PCC para presídios federais. Todos eles são suspeitos de integrar a chamada “sintonia final dos estados e países” e comandarem crimes em 14 unidades da Federação, incluindo ataques ocorridos em Minas Gerais e assassinato de agentes da lei.

Esse comando era exercido do interior da Penitenciária 2, de Presidente Venceslau, onde estava presa a cúpula da facção. A remoção dos detentos foi solicitada em 2 de dezembro de 2018, e seis dias depois foi apreendida uma carta na saída da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau encomendando a morte do promotor de Justiça Lincoln Gakiya, um dos principais nomes no combate à facção.

Salve 

As forças de segurança do país estão em alerta após informações de que a cúpula do PCC teria divulgado um “salve”, como são chamadas as ordens, para que todos os integrantes da facção espalhados pelo país levantem todo o tipo de informação sobre servidores dos sistemas penitenciários estaduais.

Os faccionados teriam recebido como determinação duas datas estabelecidas pelos chefões para atacar os servidores da segurança pública: 28 de novembro e 3 de dezembro.

As informações circularam entre detentos encarcerados no Presídio do Distrito Federal I (PDF I), no Complexo Penitenciário da Papuda. Na última semana a Senappen destacou que policiais penais federais deveriam permanecer em alerta máximo, principalmente os lotados nos presídios de Campo Grande (MS) e de Brasília.

Já no sistema penitenciário do DF, na PDF I, os chamados “catatais”, gíria dos presos para identificar bilhetes escritos em pedaços de papel, falavam sobre o levantamento de dados envolvendo policiais penais de Brasília.