O casal de pastores Angelo Mario Klaus Júnior e Suelen Klaus, investigados pela Polícia Civil (PC) por maus tratos, tortura e cárcere privado contra 93 internos de duas clínicas de Anápolis, exerciam a função religiosa na Igreja Batista Vida Nova antes da operação policial na cidade anapolina. 

O pastor, inclusive, compartilhava nas redes sociais a rotina dele dentro da igreja. Angelo também divulgava suas passagens por áreas nobres de Brasília, como o Lago Paranoá. Suelen, por outro lado, ocupava um cargo comissionado na Prefeitura de Anápolis com salário de R$ 5 mil, mas acabou exonerada um dia após de ser presa. Depois da divulgação a respeito da ação policial contra o casal, os pastores apagaram suas redes sociais.

Suelen foi presa durante uma operação no dia 29 de agosto em uma das clínicas que resgatou 50 pessoas, enquanto o marido se entregou à polícia no último sábado, 2, na tentativa de inocentar a pastora. Angelo compareceu à delegacia dois dias depois de 43 pessoas serem encontradas amarradas e em condições insalubres em uma segunda clínica administrada pelo casal, conforme a PC. 

Fiéis que frequentavam a Igreja Batista Vida Nova ficaram assustados com a denúncia contra os pastores e manifestaram com surpresa nas redes sociais após a circulação das informações a respeito do que acontecia nas clínicas. Segundo consta, eles não comentavam a respeito da existência das clínicas, localizadas na zona rural, para a comunidade evangélica.

Suelen vereadora 

Em 2020, Suelen Klaus concorreu ao cargo de vereadora de Anápolis pelo Solidariedade. Na época, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ela declarou R$ 31.850 em bens.

Entre os bens declarados estão uma carretinha de R$ 3 mil, duas contas bancárias, com R$ 3.850 dividido entre elas, e um ônibus Scania K113, avaliado em R$ 25 mil.

Relatos

Nos relatos à polícia, as vítimas contaram que os pacientes com deficiência considerados mais “problemáticos” eram amarrados, levavam banhos de água gelada, tinham suas roupas arrancadas e ficavam nus, como forma de castigo. Também ocorriam agressões físicas e verbais, inclusive com ameaças.

Os pacientes da Amparo Centro Terapêutico não recebiam atendimento médico e ficavam nas mãos de poucos funcionários. A clínica era dividida em duas alas, sendo que uma era voltada para pacientes idosos e acamados. Como faltavam fraldas para a população da terceira idade, as vítimas ficavam em lençóis molhados de urina ou faziam suas necessidades em garrafas de plástico e vasilhames.

Os internos não tinham acesso a toda a chácara e ficavam trancados nos quartos entre as 19h e às 8h. Uma das vítimas disse que dividia o quarto com outras 20 pessoas, que usavam o mesmo banheiro. O vaso sanitário vivia entupido, e o cheiro era insuportável, conforme o relato.

As refeições, segundo uma das vítimas, era um pedaço de cuscuz e chá no café da manhã. Já na janta e no almoço, a base era arroz e macarrão, sendo salsicha e frango as opções predominantes de proteína. Raramente havia carne vermelha.

O Jornal Opção tentou contato com a defesa do casal, mas não conseguiu localizá-la até a publicação desta matéria.