Conhecido pela ampla diversidade de fauna e flora, Goiás foi responsável por prender ao menos 28 caçadores em 15 cidades durante o decorrer de 2023. As prisões, segundo o Batalhão Ambiental da Polícia Militar (PM), ocorreram principalmente nas regiões Sudeste e Sudoeste, devido a maior incidência de denúncias. 

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No mesmo período, foram apreendidas 31 armas e 13 animais abatidos. Entre as espécies mais caçadas estão queixada, caititu e capivara, sendo esta última a mais comum. Apenas neste ano, em uma semana, duas pessoas foram presas com 250 kg de animais silvestres abatidos, incluindo um veado-campeiro, ameaçado de extinção. 

“Quando a gente aborda [o caçador] é muito difícil encontrar o animal abatido, visto que às vezes a gente chega antes ou a caça já não está mais no local. Por isso, na maioria das vezes, [o caçador] é autuado por porte ilegal de arma de fogo”, explicou o Tenente-Coronel, Geraldo Pascoal.

A corporação, conforme Pascoal, chega até os caçadores por meio de denúncias, principalmente de fazendeiros que têm as terras invadidas. Os chamados podem ser realizados por meio de ligações e até mesmo redes sociais, como WhatsApp, Facebook e Instagram. Os abordados, normalmente, são moradores da zona rural.

Como os animais predadores costumam frequentar lugares de difícil acesso, um dos maiores desafios no combate à caça ilegal é a comunicação. Pascoal explica que, recentemente, os policiais que atuam na zona rural receberam rádios via satélite que facilitaram o diálogo com a central de Goiânia, que antes era praticamente nula durante as operações no Cerrado. 

“Identificar os pontos onde estão ocorrendo a caça é muito difícil. Geralmente a pessoa que faz uma denúncia, passa uma região, mas não a coordenada geográfica. Isso dificulta o trabalho porque alguns municípios são enormes”, conta.

Caça de manejo 

A única modalidade de caça permitida no Brasil é a categoria de manejo, que visa controlar espécies invasoras como o javali-europeu, conhecido por provocar estragos na agricultura. Para praticar a modalidade, no entanto, é preciso ter licença do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), além de fazeiros. O caçador também precisa ter o armamento e a munição legalizados. 

“Já aconteceu de irmos nas fazendas averiguar denúncias e a pessoa estar com o armamento legalizado, cumprindo todas as exigências. A gente só confere e libera. Porém, se tiver uma outra espécie no meio dos javalis, aí o caçador é preso”, concluiu Pascoal.