Como compositora e cantora, Marília Mendonça marcou o movimento ‘Feminejo’
04 novembro 2022 às 18h50
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Marília Mendonça “saiu de cena” em 5 de novembro de 2021, vítima de um acidente aéreo. Quando ia fazer o que mais amava: cantar. Há um ano, a cantora sertaneja decolou de Goiânia com destino a Caratinga (MG), onde faria uma apresentação durante a noite. Na tragédia, morreram o tio dela, Abicelí Silveira Dias Filho, o produtor Henrique Ribeiro, o piloto Geraldo Medeiros Júnior e o copiloto Tarciso Pessoa Viana.
A artista marcou geração e transformou um mundo da música maximamente masculina, integrando um movimento que ficou conhecido como ‘Feminejo’. O grupo era formado por Marília Mendonça”, Naiara Azevedo e as duplas Maiara e Maraísa; e Simone e Simaria. “Eu acredito que houve uma maior participação, mas não em questões quantitativas das mulheres. Então houve uma abertura maior desse espaço, quando a mulher pode entrar neste meio predominantemente masculino”, cita.
“Ela empoderava a mulher. Mas, ela também trazia para a composição a mulher que estava fragilizada com um relacionamento e ao mesmo tempo mostrava força”
Ana Flávia, pesquisadora da vida e obra de Marília, pela UFG
Além de cantar, Mendonça rompeu com a hegemonia da composição. “Marília Mendonça entrou num espaço que não é só o palco. Era uma compositora da música sertaneja, do sertanejo universitário, música caipira e sertanejo romântico. Era um espaço muito fechado para os homens”, avalia Ana Flávia Tavares, que pesquisou a vida da cantora para um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de mestrado em Educação, pela Universidade Federal de Goiás (UFG).
Ela compara a trajetória da goiana, que nasceu em Cristianópolis (GO) em 22 de julho de 1995, e começou a se destacar como compositora aos 12 anos, com a canção “Minha Herança”, com Roberta Miranda, cuja gravação da música de autoria, ‘Majestade, o sabiá’, demorou uma década. “Marília Mendonça conseguiu gravar mais cedo. Depois que João Neto e Frederico gravaram a música dela: ‘A minha herança”, que ficou conhecida. Mas, ela ficou conhecida também como compositora. Isso é muito, muito relevante de pontuar”, salienta.
Para Ana Flávia, a morte de Marília Mendonça foi uma perda significativa para o movimento. “A perda de Marília Mendonça significou uma perda no movimento ‘Feminejo’. A gente pode ver, inclusive, em participações na televisão. Nos últimos anos, enquanto era o trio, enquanto era as patroas, elas juntas com Naiara Azevedo e Simone e Simaria, ela sempre ocupando espaços inacessíveis para as mulheres”, destaca.
‘Rainha da Sofrência’
Com sertanejo mais romântico, Marília Mendonça ficou conhecida como a ‘Rainha da Sofrência’, ao levar para a letra das músicas o lado da mulher na relação com o homem. “Ela empoderava a mulher. Mas, ela também trazia para a composição a mulher que estava fragilizada com um relacionamento e ao mesmo tempo mostrava força”, descreve, Ana Flávia. Para ela, nesta questão ficou uma ausência. “Houve uma perda, porque ela era uma mulher forte, que levantava as outras mulheres”, acrescenta.
Tributos
Em homenagem à cantora Marília Mendonça vários tributos acontecerão na Capital. Um deles será promovido pela Prefeitura de Goiânia. O evento estava programado para o próximo dia 9, no Oscar Niemeyer, mas foi suspenso devido a instalação de decoração de Natal no local. O Paço informou que logo será divulgado nova agenda. Neste sábado, 5, outro evento promovido pelas cantoras Keu Oliveira e Susana Rotoli marca a data de morte da cantora.
Leia na íntegra o trabalho de conclusão de mestrado de Ana Flavia Tavares de Melo