Pra não dar bandeira
01 abril 2016 às 11h41
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Jéssica Alencar
Hoje eu acordei com preguiça de não ser eu. Não, você não pode contar suas vitórias, tem muita inveja por aí. Quem dirá seus planos; é “batata”, eles não dão certo se você espalhar aos quatro ventos.
Olha, não saia sorrindo pela rua afora é até perigoso. Seja um cliente impaciente para ser bem atendido. Coloque seus fones de ouvido e não converse com estranhos. Não aceite desaforos e jamais se meta em problemas alheios.
Não, você não pode ligar, dizer que gosta, muito menos dar um “sim” logo de cara. Querida, tem que fazer joguinhos e, como uma boa mulher, esperar ser escolhida. Meu Deus, tudo menos dizer que ama. Afinal, as pessoas são mesmo malucas e gostam de quem não gostam delas e vice-versa. Se você trata bem demais, não espere ser bem tratado.
Para viver neste mundo é simples, é só seguir esta ordem invertida de ser feliz. Esta lei de pensar só em si, viver desconfiado, metendo o riso pra dentro da alma pra não dar bandeira, levando a sério estas tantas coisas que esperam de você. Ora, é bem mais simples viver sem viver, não é? Difícil mesmo é assumir os riscos, sentir afeto. Difícil mesmo é sair pela rua vestido só de você, amar sem ser correspondido e deixar também que te amem. Difícil é reconhecer seus erros e se fazer forte em cada fraqueza. Difícil é fazer dos seus medos, pontes. Do seu “achismo”, humildade. Das suas derrotas, perseverança. Mas, veja bem, de todas as dificuldades a maior é não ser você.
Jéssica Alencar é jornalista, social media e metida à escritora. Quer viajar o mundo todo e não vive sem chocolate.