Olha Maria

17 novembro 2018 às 17h43

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Diego Vinícius Anatalio
Especial para o Jornal Opção
Um dia eu ainda vou sumir, aí eles vão ver, vão dar valor, não aguentam um dia sem a “Isaura” aqui!
Opa! Desculpa a falta de educação, nem me apresentei, meu nome é Maria, só Maria já está bom, sou humilde. Criada na roça, com um pai daqueles que batiam com vara de marmelo, que só pelo olhar dizia “hoje você vai apanhar”, não posso reclamar eu era bem custosa e ele nunca recebeu carinho, como pode dar?
Minha mãe é uma Santa, que viveu pouco mais que meu pai, até hoje ele deve ficar bravo por ter morrido antes dela. Que Deus os tenha!
Na infância comi muita manga verde com sal e depois bebi leite, porque sou muito corajosa, está no sangue essa coragem, corri do boi da cara preta e da mula sem cabeça, banhar no rio era meu passa tempo predileto, fui a única mulher entre os quatro filhos, joguei muita bola, nunca tive uma barbie, mas era cada boneca bonita com a espiga de milho… Tudo mudou quando viemos para à cidade.
Naquela época achei terrível, odiei a mudança, mas foi aqui que eu aprendi a ler e escrever e o melhor conheci o amor da minha vida. Não é troço!?
Troço é só para mim, que sou íntima, vocês podem chama-lo de Valmir.
Temos dois filhos, dei um salto bem grande na minha história porque não vou ficar falando dos meus problemas aqui, você já tem os seus, talvez outro dia eu conte de como meu pai obrigou a gente a se casar, como eu peguei o troço me traindo, como chegamos ao ponto de passar fome, também tem o meu primeiro parto que quase me levou a óbito, ou sobre o câncer que tirou parte de mim, mas hoje não.
Como eu ia dizendo, temos uma moçona e um belo rapaz. São bem inteligentes. Fazem faculdade e tudo, mas quase não ajudam em casa, por isso, um dia eu ainda vou sumir, aí eles vão ver, vão dar valor, não aguentam um dia sem a “Isaura” aqui!