Vandalismo é uma espécie de coprofagia

21 junho 2023 às 09h20

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Uma palavra morre./Quando é dita —/ Dir-se-ia —/ Pois eu digo/ Que ela nasce/ Nesse dia. — Emily Dickinson
Há mais moscas do que borboletas, da mesma maneira ocorre com a insensatez e a sensatez. Estas são vizinhas de muro. Quem, no uso benéfico de suas faculdades mentais, consegue transpor o muro do quintal espinhoso da primeira e pular para o quintal sereno da segunda jamais retorna àquele. Fato resultante da descoberta da escuridão em que se vivia, muitas vezes gerando danos a si mesmo ou (o que é mais frequente) a outras pessoas em decorrência de suas ações imprudentes e às vezes até letais.
Os donos do mundo (leia-se Estados Unidos, Rússia, China) são exemplos dessa letalidade. Ávidos por terras e coisas afin$ de outros países sem poderio bélico, eles estão sempre em guerra em outros países. E essa avidez insensata caminha para um dia terminar numa grande catástrofe, a ponto de destruir as maiores regiões metropolitanas do mundo, pois há, dispersas pelo mundo, quase dez mil ogivas atômicas, cujo poder destrutivo pode partir a Terra ao meio. (Mas aí os poucos homens poderosos que restarem certamente vão tocar para outro planeta numa cápsula e começar outra “civilização”.)

Vandalismo é crime, diz Código Penal
O vandalismo é também uma faceta entre as muitas da insensatez, pois ele promove estrago ou até destruição de bens públicos ou particulares. E o Código Penal o enquadra como crime, cuja punição pode gerar cadeia de seis meses a três anos e multa. Por toda a cidade, é possível ver os rastros de ignorância deixados pelos vândalos. Essa cambada de bocós sente prazer nas merdas que faz. O que me leva a dizer que esse pessoal é adepto à prática da coprofagia, ou seja, é devorador de merda, assim como as moscas, os besouros rola-bosta… Metaforicamente essa corja de cabeça oca pode ser definida como o tal besouro coprófago, mas ela está longe da utilidade ambiental do inseto. E vou explicar o porquê mais abaixo.
Dias atrás a Agência Municipal de Meio Ambiente divulgou que, em decorrência de atos de vandalismo, o órgão tem um gasto anual de R$ 1,5 milhão realizando reforma ou reposição de mobiliários urbanos dos parques. A galera que queria dar uma rasteira na democracia brasileira no dia 8 de janeiro fez uma festa funesta em Brasília. A turba, entorpecida de uma insensatez diabólica, só não derrubou as duas torres do Congresso porque ninguém levou um serrote. Houve até quem bateu os joelhos no chão e suplicou a ira de Deus no sentido de fazer cair fogo do céu no Congresso e no STF igual ao que “ocorreu” nas cidades bíblicas Sodoma e Gomorra. Não caiu fogo do céu, nem ninguém virou estátua de sal como a mulher de Ló, no entanto muita gente foi parar no xilindró. Merecidamente.

O papel positivo dos besouros
O rola-bosta, coisa que muitos fazendeiros não sabem, ao comer a fezes bovina, presta um grande serviço. Os vândalos, ao contrário, são os autores das merdas e eles mesmos as “devoram” na felicidade de ter realizado algum estrago em algum espaço público ou privado.
A coprofagia do rola-bosta impede a proliferação da mosca-dos-chifres, a qual diminui o ganho de peso do gado como também aumenta o índice de mortalidade. O besouro, ao enterrar os dejetos bovinos, interrompe o ciclo de vida da mosca-de-chifre (ovos, larvas e pupas).
E junto a isso outros benefícios: as bolinhas dejetos fertilizam o solo e geram aeração, que é perfuração da terra, e assim as raízes da pastagem respiraram e recebem água. Então o capim cresce, o gado come, engorda, dá leite ou vira bife.
Para não dizer que não falei de flores, leia um poema de Emily Dickinson, poeta americana que viveu apenas 55 anos e era chamada pelo crítico Harold Bloom de Shakespeare dos Estados Unidos.

Sinésio Dioliveira é jornalista