Recebo constantemente de amigos imagens relacionadas à natureza, quando não são plantas, são passarinhos. Agradeço a cada um com muito carinho e explico o motivo da minha satisfação: “Que ótimo ser lembrado por você ao ver plantas ou passarinhos; pior seria eu ser lembrado por causa de um monte de titica”. Muitas pessoas me vêm à mente quando vejo titica. Algumas vezes, as imagens são para que eu identifique a planta ou a ave.

Dias atrás, o presidente da Sociedade Goiana de Pecuária, Gilberto Marques Neto, amigo de décadas, me mandou um vídeo dizendo que fora visitado por dois seres ilustres, isso no 14º andar do prédio em que mora. Era um casal de sanhaço-azul. Além da visita, o casal ainda cantou em sua casa.

Homem recolhe material reciclável nos tambores de lixo | Foto: Sinésio Dioliveira

Quando é planta que não conheço (o que acontece muito), recorro sempre ao amigo Leandro George: um biólogo legitimamente amante da natureza. Minha mais recente consulta a ele, aconteceu no domingo, 16. Vi uma árvore florida na Rua Dona Gercina Borges Teixeira (coincidentemente em frente ao Museu Pedro Ludovico Teixeira, que precisa passar por uma reforma urgentemente antes da chegada da chuva e assim evitar que mais danos ocorram à casa do fundador de Goiânia). Em dez minutos aproximadamente, Leandro me respondeu. Era a árvore-do-cotonete, nativa das Filipinas e da Nova Guiné. Toda florida.  Em caso de passarinho, meu Google é o guru em avifauna Nunes D’Costa.

Plantas e bichos, certamente o altaneiro leitor, tem sido um assunto recorrente em minhas crônicas. Na sexta-feira, 14, o Jornal Opção publicou em seu site um vídeo que enviei ao jornal sobre uma ação de insensibilidade para com uma enorme guapeva e uma sibipiruna na Rua 20, Centro. O dono da casa, em cuja calçada estão as duas árvores, colocou uma grande quantidade de lixo e móveis velhos na sua porta. Aí veio alguém e pôs fogo, que fez um dano enorme às árvores. Posteriormente nova remessa de lixo foi jogada no mesmo lugar. Duas colmeias de abelhas silvestres iraí que viviam no tronco da sibiruna foram exterminadas.

Sinais de fogo no tronco da guapeva | Foto: Sinésio Dioliveira

Esse gesto maldoso para com as árvores e as abelhas poderia ter sido evitado se o dono do imóvel tivesse contratado uma caçamba de uma empresa idônea, que levaria o lixo para o aterro sanitário, o qual chamo de montanha do mal. Infelizmente o pior caminho da agressão ambiental foi o escolhido: o descarte irregular na porta da casa. Digo pior, pois encaminhar para o aterro resíduos recicláveis é também agressão ambiental, visto que recicláveis são dinheiro jogado no lixo, que poderia acudir os trabalhadores do segmento. A falta de reciclagem apropriada, conforme dados da Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais) faz o Brasil perder anualmente R$ 14 bilhões.

Eu, por exemplo, moro num prédio que, contramão do bom senso, não realiza a destinação apropriada dos resíduos recicláveis dos moradores, mas não por causa destes. Reciclo tudo na minha casa, coloco cada tipo de resíduo nos tambores disponíveis no meu andar, mas quase tudo vai para o aterro sanitário. Só não vai tudo porque, de vez em quando, aparece um homem numa bicicleta monark vermelha, que, na busca do seu pedaço de pão, retira do recipiente na porta do meu prédio os materiais recicláveis. Se estivesse tudo separado, ele não precisaria abrir saco por saco e muitas vezes manuseando lixo sem uso de luvas. E esse trabalho todo ele realiza sem deixar sujeira na calçada. Deveria ser obrigatório o descarte seletivo.

Nessa revitalização que a Prefeitura de Goiânia pretende realizar (e que realize mesmo), alguma coisa deveria ser feita nesse sentido de mobilizar os edifícios a colocarem em sua porta os materiais separados, ou seja, os recicláveis e os não-recicláveis. Há uma ignorância em grande parte das pessoas nesse sentido, e isso é um gesto explícito de incivilidade para com Goiânia.