O presidente da Federação Espanhola de Futebol, Luis Rubiales, renunciou ao cargo neste último domingo, 10. Ele é investigado pelo Ministério Público por ter beijado a força a jogadora Jenni Hermoso durante a cerimônia de premiação da última Copa do Mundo feminina. Um tribunal da Audiência Nacional, instância competente para jugar atos que acontecem fora do país, deve decidir se admite a denúncia e abre um processo ou se arquiva a queixa.

Em entrevista ao jornalista inglês Piers Morgan, Luis disse que o escândalo tem afetado sua família e por isso tomou a decisão. “Vou demitir-me. Não consigo continuar o meu trabalho. Eu falei com meu pai e com as minhas filhas, não é uma questão em relação a mim. Os meus amigos dizem-me ‘tens de te focar na tua dignidade, continuar a tua vida, porque provavelmente vais prejudicar pessoas que amas'”, ele comentou.

Além da renúncia, ele solicitou a sua destituição do posto de vice-presidente da União das Federações Europeias de Futebol (Uefa), a entidade esportiva europeia. Rubiales já havia sido suspenso temporariamente pela Fifa e pelo governo espanhol. Em agosto, ele afirmou inicialmente que não deixaria o cargo, argumentando que o beijo havia ocorrido de forma espontânea, mútua e consentida. Além disso, chegou a comparar seu desejo de dar o beijo ao que teria com sua própria filha.

Desde uma recente reforma do Código Penal espanhol, um beijo não consensual pode ser considerado uma agressão sexual, uma categoria penal que reúne todos os tipos de violência sexual.

Posição da jogadora assediada

Em relação à posição de Jenni Hermoso, a jogadora se manifestou sobre o incidente pela primeira vez desde que o caso se tornou polêmico em 23 de agosto. Por meio de um sindicato ao qual pertence, Hermoso condenou o ato e anunciou que exigirá “medidas exemplares”.

Essa foi a primeira declaração dela desde seu retorno à Espanha em 21 de agosto, já que inicialmente ela expressou descontentamento com o gesto em uma transmissão ao vivo em suas redes sociais após a partida.

Posteriormente, a Federação Espanhola de Futebol divulgou uma nova declaração atribuída a Hermoso, na qual ela também descreveu o gesto como “um ato de carinho entre amigos”. No entanto, Hermoso não compartilhou essa declaração em suas próprias redes sociais e não fez mais comentários públicos sobre o assunto, levantando especulações de que poderia ter sido pressionado pela federação.

Comunicado de renúncia na íntegra

Hoje transmiti às 21h30 ao Presidente em exercício, Sr. Pedro Rocha, a minha renúncia ao cargo de Presidente da RFEF. Também informei que fiz o mesmo com a minha posição na Uefa para que a minha posição na Vice-Presidência possa ser substituída.

Após a rápida suspensão levada a cabo pela Fifa, mais um processo contra mim, é evidente que não poderei retornar à minha posição. Insistir em esperar e aguentar não vai contribuir para nada de positivo, nem para a Federação nem para o futebol espanhol. Entre outras coisas, porque existem poderes de fato que impedirão a minha volta.

Há a gestão da minha equipe e, acima de tudo, a felicidade que tenho o enorme privilégio destes mais de 5 anos à frente da RFEF. Não quero que o futebol espanhol seja prejudicado por aoda esta campanha tão desproporcional e, acima de tudo, levo isto na decisão depois de ter me assegurado de que minha saída contribuirá para a estabilidade que permitirá à Europa e à África continuar unidos no sonho de 2030, que permitirá ao nosso país trazer o maior evento do mundo.

Devo olhar para frente, olhar para o futuro. Agora há algo que me preocupa firmemente. Tenho fé na verdade e farei tudo esteja em meu poder para prevalecer. Minhas filhas, minha família e o pessoas que me amam sofreram os efeitos da perseguição excessiva, assim como muitas falsidades, mas também é verdade que na rua, cada dia mais, a verdade prevalece. Daqui transmito a todos os trabalhadores, membros da assembleia, federações e pessoal do futebol em geral, um grande abraço, desejando-lhe boa sorte. Obrigado a todos que me apoiaram nesses momentos.