Políticos goianos de direita avaliam futura relação entre Lula e Trump
07 novembro 2024 às 10h51
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O retorno do republicano Donald Trump à Casa Branca dos Estados Unidos, na última quarta-feira, 6, gerou preocupações globais entre especialistas em políticas internacionais e economistas, e, em relação ao Brasil, a situação não é diferente. O atual governo brasileiro, que não demonstra admiração por Trump, apoiou abertamente a candidatura da democrata derrotada, Kamala Harris.
Um dos principais pontos de tensão nessa relação está na política econômica de Trump, que inclui a proposta de tarifar em 60% as importações da China, maior rival e exportadora para os EUA, e aplicar tarifas de 10% a 20% sobre os demais parceiros comerciais. Esse aumento de tarifas pode levar a uma queda nos preços das commodities, o que impactaria o mercado global.
É importante lembrar que o Brasil é o maior parceiro comercial dos Estados Unidos nas Américas, o que traz incertezas sobre o futuro das relações bilaterais entre os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump.
Diante desse cenário, o Jornal Opção conversou com políticos de direita em Goiás para entender suas opiniões sobre a relação entre os dois países nos próximos quatro anos.
Para Eduardo Prado, deputado e líder do PL na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), é improvável que Lula e Trump mantenham uma relação amistosa. “Lula vê Trump, assim como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como líderes de uma direita radical, responsável por questionamentos aos resultados das eleições de 2020 nos EUA e de 2022 no Brasil”, pontua Prado.
Segundo o deputado, a postura não diplomática de Lula, ao declarar apoio a Kamala Harris, poderá trazer consequências negativas para o Brasil. “O Brasil pode enfrentar sérios entraves caso Trump cumpra a promessa de aumentar as tarifas sobre produtos importados, o que poderia prejudicar as exportações brasileiras. Lula não terá o respeito de Trump para negociar essa situação”, afirma.
Prado acredita ainda que Bolsonaro pode se beneficiar desse contexto, dada sua boa relação com Trump. “O ex-presidente Bolsonaro poderá ser uma voz ativa nas relações entre Brasil e EUA, ajudando a amenizar atritos entre Lula e Trump, especialmente devido à complexidade da relação econômica entre os dois países”, diz ele.
Major Vitor Hugo, vereador mais votado em Goiânia na última eleição e também do PL, enfatiza a importância da liberdade e vê a eleição de Trump como uma vitória em defesa das liberdades de expressão, pensamento, locomoção e religião. Ele acredita, porém, que as diferenças entre os governos não vão afetar a relação de longa data entre Brasil e EUA.
“O desalinhamento atual e circunstancial entre os governos não abalará a relação secular entre os dois países. Naturalmente, se Bolsonaro fosse o presidente hoje, o Brasil teria maiores oportunidades de crescimento devido à visão de mundo compartilhada por Trump e Bolsonaro”, observa.
Major Vitor Hugo, ignorando a inelegibilidade atual de Bolsonaro, destaca que o cenário pode mudar em breve. “2026 está logo aí, e Bolsonaro será presidente por mais oito anos”, declara.
Para o deputado estadual Cairo Salim (PSD), o governo brasileiro deve, em primeiro lugar, respeitar o resultado das urnas americanas. “O presidente Lula já deu o primeiro passo ao parabenizar Trump pela vitória. Acredito que essa relação deve ser positiva”, avalia.
Salim lembra que o Brasil é um importante parceiro comercial dos EUA e destaca a forte relação de mercado entre os dois países. “Queremos que essa conexão melhore, independentemente das questões ideológicas. É essencial que Lula tenha bom senso e trabalhe para manter essa parceria, pois quem ganha com isso é o povo brasileiro”, conclui. Salim espera que o governo brasileiro aja com serenidade e sabedoria neste momento.
A reportagem tentou contato com outros parlamentares municipais, estaduais e federais para comentar o tema, mas não obteve retorno. O espaço segue aberto para manifestações.
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