Novo mandato para Xi Jinping: líder chinês não abre mão de Taiwan, que tem silício como trunfo

16 outubro 2022 às 17h44

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O presidente da China, Xi Jinping, abriu, neste domingo, 16, o 20º Congresso do Partido Comunista em Pequim. O evento deve confirmar o terceiro mandato dele à frente do país. Em discurso de mais de duas horas aos congressistas comunistas, o presidente citou o controle total de Hong Kong. O Estado, então independente, foi palco de grandes manifestações pró-democracia até 2019. Como ocorre em Taiwan.
A exemplo de Hong Kong, Jinping prometeu o uso da força para reunificar a ilha, embora haja interferências de “forças externas” em Taiwan. Em 2020, Pequim impôs uma Lei de Segurança Nacional contra os cidadãos de Hong Kong. Assim, de acordo com ele, a China não desistirá de controlar também o outro território. No entanto, especialistas entendem que, no caso da ilha, as coisas não serão tão simples para os chineses. É que o minipaís, embora não reconhecido por muitas nações, possui uma especialidade industrial: a fabricação de chips a partir do silício.
“O impacto de uma guerra nesta parte do mundo seria tão grande que a China pagaria um preço muito alto, incluindo graves danos à sua própria economia. O gigante asiático, como o resto da economia mundial, depende de chips super sofisticados fabricados em Taiwan. Essas pequenas peças são feitas com semicondutores, ou seja, circuitos integrados feitos geralmente de silício”, explicou Craig Addison à BBC. Ele é autor do livro Silicon Shield: Taiwan’s Protection Against Chinese Attack (“Escudo de Silício: Proteção de Taiwan Contra Ataque Chinês”).
A China Continental defende uma reunificação pacífica da ilha, que possui 23 milhões de habitantes. No entanto, após a visita da presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, em agosto desde ano, a ameaça de conflitos se intensificou na região. No congresso, Xi Jinping afirmou que “nunca desistirá do uso da força”, se preciso for para garantir o domínio da região.
O governo de Taiwan reafirmou que a ilha é soberana e independente. “A posição de Taiwan é firme: não recuar na soberania nacional, não comprometer a democracia e a liberdade. O encontro no campo de batalha absolutamente não é uma opção para os dois lados do Estreito de Taiwan”, cita o comunicado.
Nesse contexto, depois de décadas de hostilidade e tensão, a pequena ilha encontrou essa estratégia, que contribui para sua sobrevivência nacional neste conflito. Com o chamado “escudo de silício”, eles têm conseguido manter longe o fantasma de uma invasão chinesa.