Para além do fetiche colonial que gosta de acompanhar as notícias da metrópole, o mundo neste sábado, 6, acompanha a coração televisionada de Charles III após 70 anos de espera. A cerimônia inaugurando essa “nova era” ocorre na Abadia de Westminster, em Londres, e começou pontualmente às 7h (horário de Brasília). Durante duas horas, 2.200 convidados acompanharam os ritos milenares da realeza britânica.

Cerca de 4 mil pessoas marcharam em homenagem ao rei, inclusive membros da família real britânica. A primeira-dama dos Estados Unidos, Jill Biden, e o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foram algumas das pessoas presentes na abadia.

Em nome da sustentabilidade e dos “novos tempos”, o monarca e a rainha Camilla optaram ainda por usar joias, roupas e móveis confeccionados para a investidura dos seus antecessores com o objetivo de economizar e preservar o meio ambiente.

Além disso, o rei tentou mostrar durante a cerimônia uma monarquia mais diversa. Pela primeira vez na história, por exemplo, vão participaram da coroação bispas e membros de outras religiões. O público presente também pode fazer um juramento, antes dito apenas pelos duques. Alguns momentos considerados sagrados, como a unção da rainha consorte, foram televisionados de maneira inédita.

O monarca pediu ainda que a cerimônia fosse realizada em outras línguas, não apenas em inglês. Passagens religiosas da cerimônia foram lidas em galês, gaélico escocês e gaélico irlandês. Charles enfrenta um crescente movimento republicano dentro do Reino Unido, principalmente na Irlanda do Norte.

O rei Charles III é coroado em meio a muita desconfiança, principalmente pela geração mais jovem. O monarca está sendo cobrado a reconhecer o papel da família real britânica na escravização de africanos e na colonização de centenas de países ao redor do mundo.Ele também vai precisar se esforçar para manter os países da Commonwealth em seu reinado.

Representantes da Jamaica, Austrália e Nova Zelândia já manifestaram interesse em retirar Charles do posto de chefe de Estado de seus países, e alguns primeiros-ministros e governadores-gerais devem convocar referendos sobre o assunto nos próximos anos.

Apesar das pressões, Charles está conseguindo espalhar o espírito monarquista pelo país durante a semana de coroação. As cidades do Reino Unido estão decoradas com bandeiras para a data, e as ruas de Londres estão tomadas de pessoas querendo ver o rei e a rainha durante as procissões. Com o objetivo de preparar os ingleses, o Palácio de Buckingham já divulgou a maioria dos detalhes da coroação do rei Charles III, que tem como base ritos milenares.