Espião russo é identificado pela Abin em embaixada de Brasília

09 abril 2024 às 14h48

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A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) identificou um espião russo que operava em solo brasileiro, dentro da embaixada da Rússia em Brasília. Segundo o órgão, o homem se disfarçava de membro do corpo diplomático para recrutar brasileiros como informantes. As intensões dele foram descobertas pelo setor de contrainteligência da agência.
O suposto espião foi identificado como Serguei Alexandrovitch Chumilov. Ele teria conexões com serviços de inteligência de Moscou, de acordo com informações do jornal Folha de S.Paulo. Chumilov deixou o Brasil após ter a verdadeira identidade como espião russo revelado. A operação envolveu diversos setores do governo brasileiro.
Tanto o Ministério das Relações Exteriores quanto outras autoridades confirmaram essa atividade clandestina, porém, a Abin se absteve de comentar publicamente sobre o caso, uma prática padrão em assuntos de contraespionagem. Da mesma forma, a embaixada russa em Brasília preferiu não se pronunciar sobre o assunto.
Histórico
O espião russo entrou no Brasil em 2018, com o cargo de primeiro-secretário na embaixada de Moscou na capital brasileira. Além disso, ele se apresentava como representante da Casa Russa no Brasil, uma entidade associada à agência federal russa Rossotrudnichestvo, que lida com cooperação internacional e assuntos relativos à comunidade russa no exterior. A Rossotrudnichestvo é subordinada ao Ministério de Assuntos Exteriores da Rússia, liderado por Serguei Lavrov.
Em julho de 2023, Chumilov chegou a deixar o Brasil por solicitação do próprio governo russo, depois da descoberta de atividades ilícitas pela Abin. Geralmente, em casos como esse, o país de origem do espião age discretamente para evitar incidentes diplomáticos.
Outros espiões no país
No entanto, o Brasil tem enfrentado pelo menos três casos semelhantes nos últimos anos, o que inclui o caso de Serguei Vladimirovitch Tcherkasov, que foi preso em 2022 por se passar por um cidadão brasileiro para infiltrar-se no Tribunal Penal Internacional em Haia, na Holanda.
Diferentemente de Tcherkasov e outros espiões ilegais, que utilizam identidades falsas, Chumilov operava sob sua verdadeira identidade e aproveitava-se de sua posição diplomática para conduzir suas atividades de espionagem.
Conforme informações, o objetivo do russo era coletar informações sobre setores específicos de interesse para os serviços de inteligência de Muscou. Para isso, ele recorria a métodos como oferecer bolsas de estudo e programas de intercâmbio na Rússia para atrair estudantes e acadêmicos brasileiros.
A estratégia foi evidenciada em eventos promovidos por Chumilov, nos quais ele apresentava oportunidades de estudo na Rússia. Sob a fachada da Casa Russa, ele destacava a qualidade da educação russa e o interesse crescente de brasileiros em estudar no país. Porém, o intuito era, sob cobertura diplomática, cultivar relações com indivíduos que podem servir como fontes de informação.
A Abin, como parte do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin), monitorava as atividades de Chumilov e identificou seus alvos e métodos de recrutamento. Além de cooptar informantes, ele buscava criar redes de contatos em áreas estratégicas para os interesses russos. Porém, os detalhes dessas operações foram mantidos em sigilo.
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