Com aval de Israel, milhares de palestinos formam corredor humano no retorno pra casa

27 janeiro 2025 às 21h26

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Dezenas de milhares de palestinos, que haviam sido deslocados, estão retornando para suas casas no norte da Faixa de Gaza, área que ficou severamente destruída pelos bombardeios israelenses, após um acordo entre Israel e o Hamas para a libertação de reféns israelenses. Imagens que circulam desde a manhã desta segunda-feira, 27, mostram grandes grupos de palestinos caminhando do sul para o norte, em um corredor humano gigante, pela área conhecida como corredor Netzarim – uma estrada aberta pelas forças israelenses durante o conflito para dividir a Faixa de Gaza em duas.
Além dessa rodovia, também foi aberta a estrada Salah al-Din, mais ao leste, próximo à fronteira com Israel. No entanto, os veículos que transitam por essa via precisam passar por uma vistoria feita por uma empresa independente.
Muitos dos palestinos que conseguirem retornar vão se deparar, contudo, com uma visão literalmente de guerra: onde havia moradias e comércio, agora há escombros e destroços, uma vez que o norte de Gaza foi fortemente atingido pelos bombardeios de Israel. Conforme a ONU, cerca de dois terços das construções de Gaza foram destruídas ou danificadas de forma grave durante o conflito, e aproximadamente 90% da população de Gaza, que soma 2,1 milhões de pessoas, foi forçada a deixar suas casas.

A liberação do acesso ao norte estava prevista para acontecer no último domingo, conforme o acordo de cessar-fogo, mas Israel bloqueou a passagem, alegando que o Hamas não havia cumprido sua parte do trato ao não libertar a refém Arbel Yehud no dia anterior. O governo de Israel alegou que, como civil, Yehud tinha prioridade em relação aos quatro militares libertados no sábado, embora o Hamas tenha negado que isso estivesse no acordo.
Inicialmente, o plano era que os civis pudessem viajar do sul para o norte por uma rota específica, uma semana após o início da trégua temporária. Para resolver o impasse, o Hamas propôs libertar, na quinta-feira, três reféns: Arbel Yehud, Adam Berger (último militar que restava) e um terceiro refém, cuja identidade não foi revelada. Além disso, o Hamas entregou a Israel um censo com informações sobre os reféns, vivos e mortos, que seriam liberados na primeira fase. Segundo o grupo, dos 33 reféns, 25 ainda estão vivos.
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