2023 foi o ano mais quente do Brasil e 2024 pode quebrar recordes

09 janeiro 2024 às 11h57

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O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) confirma: 2023 foi o ano mais quente já registrado no Brasil. A média da temperatura chegou a 24,92°C, superando 2015 e 2019. De acordo com o órgão oficial da previsão do tempo no país, a média histórica do Brasil é 24,23°C, segundo a medição iniciada em 1961.
Foi também no ano passado que foi registrada a máxima histórica do país, de 44,8°C, em Araçuaí (MG), no Vale do Jequitinhonha, a 627 quilômetros de Belo Horizonte. Uma marca atingida em novembro, no último dia da oitava onda de calor a atingir o Brasil em 2023 – o recorde de calor anterior pertencia a Nova Maringá (MT), em novembro de 2020.
Em 2023, o Brasil passou por nove ondas de calor, caracterizadas por períodos mínimos de seis dias seguidos em que a temperatura máxima fica acima de pelo menos 10% do que é considerado extremo, na comparação com o período de referência.
Ondas de calor, com temperaturas superando os 40ºC em diversas partes do país, já não se tratam mais de um evento raro. Enquanto na década de 60 não havia mais de seis dias de períodos extremamente quentes, na última década o número foi de 50 dias em média por ano.
Em entrevista ainda em novembro, Lincoln Alves, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) já advertia, com resultados de um levantamento feito para o órgão: não só aumentaram as ondas de calor como a própria temperatura no País. “Vemos uma tendência de aumento das temperaturas máximas com sinal bastante expressivo. Entre 2011 e 2020, todas as regiões do Brasil registraram um aquecimento superior a 1,5ºC, ou seja, superior ao que requer o Acordo de Paris”, explicou o pesquisador.
O drama não se restringe ao Brasil. Segundo o observatório Copernicus, da Agência Espacial Europeia, o ano recém-encerrado foi o mais quente desde o começo da série histórica, em 1850. Com temperaturas excepcionalmente altas em diversos pontos do planeta, inclusos os oceanos, 2023 registrou média global de 14,98°C, superando em 0,17°C o recordista anterior, 2016. Foi também o primeiro ano em que todos os dias superaram em 1°C os níveis pré-industriais (1850-1900). Em novembro, pela primeira vez na série histórica, houve dois dias em que os valores foram superiores em 2ºC.
Com meses de temperaturas muito mais altas do que a média, antes mesmo de dezembro chegar pesquisadores já concordavam que 2023 seria o mais quente dos últimos 125 mil anos.
E 2024? O ano tem tudo para ser também um dos anos mais quentes da história. A combinação de oceanos e planeta mais quentes com os efeitos do El Niño pode causar ondas de calor e possíveis recordes de temperatura ainda neste verão. O Brasil se encontra, cada vez mais, sujeito a efeitos da mudança climática.
O que poderia “salvar” o País e o planeta de consequências ainda mais graves seria um arrefecimento do fenômeno El Niño, que causa o aquecimento acima da média das águas do Oceano Pacífico. Embora as análises meteorológicas não tenham alcance para além do primeiro semestre, isso daria a chance de uma trégua na fervura crescente do planeta.