Bastidores
A campanha de Daniel Vilela em Aparecida de Goiânia é suprapartidária. Ele tem apoio de praticamente todos os partidos, inclusive de alguns políticos do PSDB. Em compensação, pelo menos 55% dos peemedebistas estão firmes na campanha do governador Marconi Perillo.
O jornalista Wilson Silvestre, um dos articuladores da campanha de Vilmar Rocha, afirma que, “na bacia das almas”, o candidato pessedista “será eleito senador”. “Caiado não cresce, apesar de ser o mais conhecido e o número de indecisos para senador é enorme. Vilmar vai ganhar. Está escrito nas estrelas”, afirma, enigmático.
Felisberto Jacomo, do PP, é apóstolo de Vilmar Rocha. “Caiado parou e Vilmar está crescendo. Nós vamos eleger o governador, o senador, 12 deputados federais e, se a oposição brincar, de 26 a 30 deputados estaduais. Faremos cabelo, barba e bigode”.
Idalino Hortêncio vai disputar, em 19 de novembro, a presidência do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea) de Goiás. É nome forte. Até fortíssimo.
Abordado por um repórter do Jornal Opção para explicar seu interesse na política do Tocantins, na questão da apreensão de dinheiro em Piracanjuba, o presidente da Agência de Agrodefesa do governo de Goiás, Antenor Nogueira, saiu com o velho chavão coronelista: “Sabe com quem está falando?” Antenor Nogueira, que deve deixar a Agrodefesa no próximo ano, deveria ouvir uma palestra do filósofo Mario Sergio Cortella a respeito do “sabe com quem está falando”. Ele está acima do bem e do mal? Talvez Antenor Nogueira não saiba, mas este tipo de discurso não intimida mais ninguém. O Brasil mudou. É democrático. Com o possível fim do siqueirismo, e da política dos prepostos, a democracia voltará a imperar no Tocantins. Aqui, Antenor Nogueira está aliado a um político moderno, o governador Marconi Perillo, mas, no Tocantins, aliou-se ao que há de mais arcaico, o siqueirismo. Convém lembrar que Siqueira Campos, como deputado, conspirou com o general Sylvio Frota, na década de 1970, para tentar derrubar o governo do presidente Ernesto Geisel e evitar a Abertura política. O fato está contado nos melhores livros de história do Brasil.

O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), afirma que o ex-vereador Francisco Oliveira vai ser eleito deputado estadual e chegará à Assembleia Legislativo como integrante do “alto clero e brigando pela presidência”. É apontado, pelo tucano-chefe, como o mais cotado para assumir o comando, “porque é articulado, competente, habilidoso, leal e amigo”.
O governador define Francisco Oliveira como “homem de sua confiança pessoal”. O tucano frisa que “Chiquinho será um dos mais bem votados”. Ele afirma que, na eleição de 1998, o então vereador foi um leão na sua campanha. “Chiquinho levantou a bandeira da oposição na Câmara Municipal de Goiânia, à época presidida por ele. Como vereador, estruturou a trincheira de nossa luta e nos defendeu com unhas e dentes em todas as nossas batalhas em Goiânia e em todo o Estado.”
Nas redes sociais, faz sucesso um vídeo no qual o presidente da Agetop, Jayme Rincon, hipoteca apoio à candidatura de Chiquinho. “Eu não tenho dúvida que ele [Chiquinho] será o voto certo para deputado estadual nas eleições de 2014”, frisa o chefe da Agetop e homem forte do governo Marconi Perillo. “Eu vou votar em Francisco Oliveira”, destacou.

Se o governador Marconi Perillo for reeleito, o presidente da OAB, Henrique Tibúrcio (PSDB), será convocado para uma secretaria, a da Segurança Pública, a da Casa Civil ou a da Justiça. Tibúrcio deve renunciar ao mandato em janeiro e a OAB fará eleição indireta, via conselho, neste mês ou em fevereiro. Diogo Crosara, Murilo Lobo e Sebastião Macalé são cotados para substitui-lo.
Tibúrcio é uma das principais apostas de Marconi para a renovação de sua equipe técnica e política. Além disso, o que agrada o tucano-chefe, é ficha limpíssima.
Conta-se que, numa visita à cidade de Bela Vista, o candidato do PMDB a governador de Goiás, Iris Rezende, acompanhado do ex-senador Mauro Miranda, ao passar pela GO-020, percebendo a rodovia recuperada, com coqueiros às margens, teria comentado: “Mauro, que rodovia bonita e bem cuidada, até parece as estradas europeias e americanas. Não conta para ninguém, mas fico com uma vontade danada de votar nesse Marconi Perillo”. Ao passar pelo Autódromo Internacional de Goiânia, Iris teria repetido: “Que maravilha! O Autódromo foi inteiramente reformado. Ah, que vontade de votar nesse Marconi!”. Mauro teria cutucado o aliado: “Para!, Iris, senão você vai acabar votando em Marconi Perillo”.
O PPS de Goiás era uma ficção de García Márquez. Não existia. Com a filiação de Marcos Abrão, o partido cresceu. Inicialmente, apostava-se apenas na vitória de Abrão, patrocinado pela senadora Lúcia Vânia (PSDB). Seus aliados apostam que terá votos em praticamente todos os municípios goianos. “Sua votação será ampla e vai surpreender muitas figuras carimbadas da política”, afirma Darlan Braz. Com o fortalecimento do partido, além de eleger Abrão para deputado federal, é bem possível que Darlan Braz seja eleito deputado estadual. Ele obteve apoio dos contabilistas e, de repente, sua campanha cresceu. “Sou realista, mas conquistei apoios qualitativos e tenho chance de ser eleito”, afirma o jovem.

O ex-deputado e ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado Frederico Jayme diz que leu a reportagem da revista “IstoÉ” que revela que o patrimônio do candidato a governador de Goiás pelo PMDB, Iris Rezende, vale R$ 185 milhões. “Há quem diga que seu patrimônio supera R$ 1 bilhão. Goiás exige que apresente uma explicação: seu patrimônio é de 185 milhões ou de 1 bilhão? Como, a partir de 1983, quando assumiu o governo do Estado, amealhou tal patrimônio?” Frederico diz que, diante do que se diz, não será surpresa se, em breve, “Iris aparecer na lista da revista Forbes como bilionário”.
Em Brasília é dada como certa a vitória de Olavo Noleto, do PT, para deputado federal. O jovem político, se eleito, vai integrar a “Bancada da Dilma”. Olavo faz uma campanha planejada, com uma equipe do primeiro time, e as elites políticas de Goiás apostam que será eleito, e até com uma votação surpreendente, possivelmente com mais de 80 mil votos. O sucesso de Olavo advém do fato de ter costurado o apoio de uma base ampla e, mesmo, suprapartidária.
O ex-reitor da Universidade Federal de Goiás Edward Madureira, do PT, afirma que vai surpreender as elites políticas de Goiás. “Devo ser eleito deputado federal, e com uma grande votação.”
Edward conta que trabalha dia e noite e que sua campanha é ramificada em todo o Estado. “Minha campanha ‘anda’ praticamente sozinha. Há pelo menos 5 mil pessoas pedindo voto para mim, e espontaneamente, sem nenhuma remuneração. São ex-alunos, professores e pessoas do povo que estão entusiasmados com minha candidatura. Em Porangatu e Acreúna, meu nome virou ‘febre’.”
Devido aos parcos recursos financeiros, a campanha de Edward é “silenciosa”. “Não faço alarde, mas percebo que estou ‘chegando’ nas pessoas. A não que esteja muito enganado, sinto que as ruas ‘me querem’. Recentemente, fiz uma carreata em Goiânia e foi um sucesso. Não demos gasolina para ninguém e mesmo assim as pessoas compareceram em massa.”
O fato de não pertencer a uma tendência “x” do PT não preocupa Edward.
“O importante mesmo é pertencer ao PT e respeitar o ideário do partido. Na campanha, percebo que recebo apoio do eleitorado petista, mas também de eleitores que não são do PT”, assegura Edward.
Considerado um administrador eficiente, com um trabalho respeitado na UFG, além de ser visto como um político ético, é mesmo possível que Edward surpreenda. Porque, afinal, ele é o tipo de político, decente e competente, que as ruas “pediram” nos protestos que aconteceram há pouco tempo.
Candidato a deputado federal pelo Solidariedade percorreu principais Avenidas do setor Central com centenas de apoiadores e cabos eleitorais
Do embate da Prefeitura de Goiânia com a Câmara Municipal para aumentar o IPTU na capital resta pelo menos um aspecto positivo: a impressão de que ainda existem parlamentares independentes e bem preparados para o debate — com capacidade, sensibilidade e criatividade para, ao menos, tentar barrar o rolo compressor do Executivo.
O vereador Virmondes Cruvinel (PSD) deu exemplos de criatividade aos seus colegas durante a votação do IPTU por vários motivos. Primeiro porque levou o assunto às redes sociais para saber o que o seu público pensa sobre a majoração do tributo. Praticamente todos os seus seguidores foram contra o aumento, o que subsidiou seu posicionamento desde então.
Segundo porque, ao votar contra o projeto da prefeitura, gravou um vídeo selfie de sua participação na tribuna e postou imediatamente na internet. Se alguém estava pedindo modernidade na representação política, eis um modelo. Virmondes também votou contra a venda de áreas públicas e a favor do voto aberto para a cassação de parlamentares. Um craque do futuro? Não. Do presente.