Bastidores

[caption id="attachment_33961" align="alignright" width="620"] Foto: Fernando Leite[/caption]
O economista tucano Valdivino Oliveira, professor da PUC-Goiás, consultor em vários Estados e empresário (tem uma empresa que produz água mineral, a Itiquira), diz que está abandonando a política. “A política é muito cara para quem tem mais ideias do que dinheiro. Assim, estou optando pela economia, meu verdadeiro campo.” Ao avaliar o quadro econômico de Goiás, o especialista apresenta uma análise que qualifica de mais ortodoxa do que heterodoxa: “O governador Marconi Perillo buscou para a Secretaria da Fazenda uma economista, Ana Carla Abrão Costa, conceituada nacionalmente. Mas falta-lhe conhecimento da atividade pública. De fato, o governo tem de ser austero, mas é preciso ter um programa de investimento, porque senão ‘seca’ a economia. Se não há queda da receita do governo, se a arrecadação não caiu (cresceu mais de 10%), o governo não pode apenas cortar — tem de investir e ‘animar’ o mercado. É preciso cortar gastos? Sim, é. Mas não se pode prejudicar a produção, a realização de obras. Agora, se o governo não incentiva a produção, se contribui para parar a economia, é óbvio que, a curto ou a médio prazo, a arrecadação tende a cair. “
Valdivino sublinha que, se a arrecadação subiu 13,8% e os gastos encolheram, o governo tem superávit. “Portanto, o governo tem de investir mais. Se não o faz, como vai incentivar o mercado privado a investir? No plano nacional, não é muito diferente. O país não cresce, os empresários não investem e o governo da presidente Dilma Rousseff não consegue reverter o pessimismo do mercado. Cria-se, assim, um círculo vicioso.”
O déficit público do governo federal permanece elevado, apesar da “maquiagem”. “Déficit provoca inflação. O que se deve fazer? Não é parar de gastar, e sim qualificar o gasto, aplicando os recursos naquilo que gera mais renda. Por exemplo: é vital investir na construção de obras de infraestrutura, porque gera renda, movimenta o mercado de maneira global e, ao mesmo tempo, cria empregos.”
O clima de pessimismo geral alimenta a crise econômica, avalia Valdivino. “O setor empresarial não acredita no governo petista e reduz os investimentos. Empresários precisam ter tranquilidade e segurança jurídica para investir. Se não têm, ‘recolhem-se’, esperando a crise passar. Porém, se não investem, a crise não passa; pelo contrário, potencializa-se.”
Perguntado sobre a crise do governo do Distrito Federal, Valdivino afirma que o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) é “bem intencionado”. “Porém, deveria ter feito as mudanças mais drásticas logo no início da gestão. O fato é que recebeu um governo não-administrável. O ex-governador Agnelo Queiroz montou uma estrutura, com subsídios excessivos — tinha até auxílio-aluguel para cerca de 10 mil famílias e complemento para a Bolsa Família —, que travou o governo. Destravá-lo não é impossível, mas é muito difícil.”
Aos 63 anos, Valdivino se considera um "jovem com experiência em gestão pública” e, ao mesmo tempo, um conhecedor dos meandros da economia privada. “Agnelo Queiroz mantinha um governo com 42 secretarias, com vários gestores nas cidades satélites, funcionários estudando no exterior a um custo de 6 milhões de reais. Os aumentos salariais, examinando de um posto do realismo econômico, das regras mínimas de mercado, eram e são impraticáveis. Fazer política com dinheiro público, para agradar ‘A’ ou ‘B’, se beneficia grupos específicos, é quase sempre nocivo para a sociedade. A saída de Rollemberg é enxugar o Estado ao máximo e, aos poucos, avançar no campo das obras públicas de utilidade comprovada.”
Embora esteja deixando a política — “que é ingrata com aqueles que não aplicam fortunas nas campanhas eleitorais” —, Valdivino diz que está acompanhando as articulações para a Prefeitura de Goiânia. “Como conheço o PMDB bastante bem, pois acompanhei vários de seus governos e fui vice do prefeito Iris Rezende, posso sugerir o que deve acontecer em 2016. Iris é candidatíssimo, pois seu elemento é a política. Ele não dá conta de não disputar. Vanderlan Cardoso (PSB), como disputou duas campanhas para governador, está com o nome ‘fresquinho’ na memória do eleitorado. Mas, sem uma aliança política consistente, sem um grupo confiável e dinâmico, não tem chances eleitorais reais. Entretanto, se aderir ao grupo do governador Marconi Perillo, a população vai ficar desconfiada. Os eleitores não aprovam, para disputas majoritárias, aquele oposicionista que fez discurso radical e depois se alia àquele que foi criticado.”

O PSDB de Aparecida de Goiânia é quase uma ficção. Seus principais líderes — os deputados João Campos, Waldir Soares, Fábio Sousa e Mané de Oliveira — são de Goiânia. Aos poucos, o quadro pode mudar. Para disputar com o candidato a prefeito apoiado pelo prefeito Maguito Vilela (PMDB) — que só não elege uma pedra porque esta não sabe assinar o próprio nome —, o tucanato precisa lançar um candidato que seja, por assim dizer, parecido com o peemedebista. Quer dizer, precisa ter estatura e ter a imagem de gestor. O presidente da Associação Comercial de Industrial de Aparecida, Osvaldo Zilli, está sendo disputado quase a tapa pelo PMDB e pelo PSDB. É o objeto de desejo dos dois partidos. O PMDB o quer como vice de Euler Morais. Já o PSDB planeja bancá-lo para prefeito. Porém, como em política quem fica parado é poste, o PSDB articula também noutros fronts e pode lançar, no caso de recusa de Zilli, o empresário Eduardo Dantas, o Eduardo Boa Morada, para prefeito.
Se Zilli e Boa Morada não emplacarem, o comandante geral da Polícia Militar, coronel Sílvio Benedito, pode ser a aposta do tucanato. Mas o que se quer mesmo, apesar de sua resistência, é o delegado-deputado Waldir como candidato. Ele lidera as pesquisas feitas na cidade, com relativa folga, mas frisa que não planeja disputar. Se for candidato, tem dito, será a prefeito de Goiânia — município em que o meio de campo, no tucanato e na base aliada, está por demais congestionado.

[caption id="attachment_33092" align="alignleft" width="620"] Foto: Wagnas Cabral[/caption]
O peemedebista-chefe Iris Rezende estaria profundamente irritado com o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia. Tem reclamado que está sentindo que o petista está cada vez mais próximo do governador Marconi Perillo — a quem Iris trata, não como adversário, e sim como inimigo.
Na verdade, Paulo Garcia, mostrando maturidade, aproximou-se de Marconi do ponto de vista administrativo, para viabilizar sua gestão. Ele entendeu, depois de muito “penar”, que gestor não faz oposição a gestor e que a disputa política se dá é em períodos eleitorais.
Marconi, por seu turno, quer ampliar a aliança administrativa com Paulo Garcia e também com a presidente Dilma Rousseff. A petista-chefe tem apreço pelo administrador goiano, pois o considera eficiente e criativo. O que Dilma Rousseff faz por Marconi Perillo, este quer fazer por Paulo Garcia.

[caption id="attachment_33561" align="alignleft" width="620"] Foto: Marcos Oliveira[/caption]
Se depender da deputada Cristiane Brasil, filha de Roberto Jefferson e comandante-em-chefe do PTB, a fusão do PTB com o DEM está sacramentada. O partido continuaria com o nome PTB, mas com o número 25 do DEM, e iria para a oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff. Neste caso, o senador Ronaldo Caiado ficaria no partido, ao lado de Agripino Maia e ACM Neto. Mas pode ir para o PMDB? Só se for por motivo de capilaridade eleitoral, tendo em vista a disputa do governo, em 2018.
O ex-prefeito de Goiânia Iris Rezende torce pela filiação de Ronaldo Caiado ao PMDB. Tudo para evitar que o partido caia sob o controle de Júnior Friboi ou Daniel Vilela. O peemedebista-chefe não perdoa o pai do jovem deputado, Maguito Vilela, a quem atribui a invenção política de Friboi.

[caption id="attachment_33947" align="alignleft" width="620"] Arquivo[/caption]
A situação do prefeito de Caldas Novas, Evandro Magal (PP), é tão confortável, em termos eleitorais, que alguns de seus aliados, em tom de pilhéria, contam que estão procurando um candidato para lançá-lo como adversário na disputa de 2016. É que ninguém está querendo enfrentar Evandro Magal, que tende a ser reeleito com facilidade.

[caption id="attachment_33945" align="alignleft" width="620"] Foto: Fernando Leite[/caption]
O deputado federal Sandes Júnior, do PP, afirma que está mais do que definido: “O candidato a prefeito de Goiânia pela base marconista será o presidente da Agetop, Jayme Rincón. Não há nenhuma outra alternativa”.
Sandes Júnior sublinha que Jayme Rincón “repaginou” o visual para chegar enxuto à disputa de 2016. “Gestor afiado, dono de um discurso firme e consistente, tão ousado quanto o governador Marconi Perillo, Jayme Rincón só não será candidato se não quiser.”
A chapa, na opinião do deputado, terá Jayme Rincón para prefeito e um político do PP — talvez ele próprio — para vice-prefeito. “Um tucano terá um vice do PP — assim como José Eliton (PP), candidato a governador em 2018, terá um vice do PSDB, possivelmente Giuseppe Vecci. E para o Senado? Possivelmente, um nome do PSDB, Marconi Perillo, e um do PSD, quem sabe Vilmar Rocha.”

[caption id="attachment_31538" align="alignleft" width="620"] Foto: Fernando Leite / Jornal Opção Online[/caption]
Deputados do PT e do PMDB pretendem convocar a secretária da Fazenda, Ana Carla Abrão Costa, para que explique “por qual motivo a receita cresceu mais de 10% e o governo continua falando em apocalipse”.
Parlamentares do PMDB sugerem que é preciso explicar o significado do aumento da arrecadação e a questão da antecipação da receita. Além disso, frisam, deve-se mencionar o pagamento do IPVA.
Eles apostam que a crise vai explodir mesmo é no mês de agosto. Se a crise não for contida, se o país não crescer entre 3% e 4% — e dificilmente vai crescer —, governos estaduais e federal terão de “cortar” salários de funcionários públicos, avaliam deputados.

[caption id="attachment_33940" align="alignleft" width="620"] Arquivo[/caption]
Os Corleones “boys” da corrupção na Petrobrás, Paulo Roberto Costa (ex-funcionário da estatal) e o doleiro Alberto Youssef, disseram que não mantiveram qualquer contato com o deputado federal Sandes Júnior. Paulo Roberto admitiu que o deputado federal Roberto Balestra esteve duas vezes com ele, na Petrobrás. Mas não trataram de nenhum propinoduto. Na época, discutiram a possibilidade de se vender uma usina de álcool de propriedade do político goiano (vendida há algum tempo, por sinal). Já Alberto Youssef esclareceu que não o conhece e nunca o viu.
Sandes e Balestra, parlamentares do PP de Goiás, foram denunciados na Operação Lavo Jato.
O deputado José Nelto (PMDB) diz que, como não vai apresentar provas consistentes contra Ronaldo Caiado — de supostas ligações com Carlos Cachoeira —, o senador democrata vai sair como herói. “Caiado tanto pode ser candidato a presidente da República quanto governador em 2018”, frisa Nelto. “Demóstenes lhe dará um atestado de idoneidade moral.”
De um analista privilegiado da cena política: “O governador Marconi Perillo, no caso da disputa para prefeito de Goiânia, em 2016, não quer ficar refém de uma só candidatura. Ele planeja ampliar seu leque de alianças, daí a aproximação com o empresário Vanderlan Cardoso. A base governista tende a lançar Jayme Rincón, pelo PSDB, e Vanderlan Cardoso ou Lúcia Vânia, pelo PSB”. O analista acrescenta: “O que Marconi não quer mesmo é a vitória de Iris Rezende. Porque, se este for eleito, vai trabalhar para criar estrutura para a campanha de Ronaldo Caiado para governador em 2018”.
Os jornais estão publicando que o empresário Sandro Mabel praticamente abandonou a vida política e está apenas cuidando de curtir a vida. Ele estaria aprofundando-se no estudo da língua inglesa, fazendo cursos de gastronomia e se tornando enólogo e enófilo. Tudo verdade? Não é bem assim. José Nelto garante que Mabel não abandonou nem vai abandonar a política e não está se tornando dândi. “Na verdade, trata-se de estratégia. Mabel deve ser o vice de Iris Rezende na disputa pela Prefeitura de Goiânia. Porém, para não perder tempo brigando com a concorrência — que está acirrada, até o PT quer bancar o vice ou a vice —, não vai apresentar seu nome com tanta antecedência. Mabel é um grande político e um organizador de campanha altamente profissional. Quem acreditar em sua aposentadoria política estará dando um tiro no pé.”

[caption id="attachment_33934" align="alignleft" width="620"] Jovair Arantes: o deputado quer “levar” o fundo partidário e o tempo de TV do PTB | Foto: Fernando Leite[/caption]
Diários goianos publicaram a “informação” de que o deputado federal Jovair Arantes estaria pensando em trocar o PTB — se for efetivada a fusão entre o partido e o DEM, o que levaria a legenda para a oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff — pelo PSD. Pode ser? Pode, pois a política tem razões que a própria razão desconhece. Frise-se, porém, que não é o jogo que mais entusiasma o parlamentar, um articulador hábil e infatigável.
Jovair Arantes joga com duas possibilidades. Primeiro, migrar para um partido menor do qual tenha o controle absoluto, tanto local quanto nacional (neste caso, é sempre difícil). Segundo, filiar-se a um partido com estrutura razoável, como PHS.
O PHS tem algumas vantagens para Jovair. Primeiro, é dirigido nacionalmente por um goiano, Eduardo Machado, com quem mantém relações cordiais e de respeito. Segundo, Machado abriria espaço para que ele assumisse o controle total do partido em Goiás. As conversas entre os dois políticos devem ser retomadas nesta semana.
Jovair sabe que é difícil, talvez impossível, mas estuda a possibilidade de levar o fundo partidário e o tempo de TV para o partido no qual deve se filiar. Alegaria, na Justiça Eleitoral, que teria sido traído pelo PTB.
O objetivo de Jovair, se deixar mesmo o PTB, é levar junto a bancada — 20 deputados federais e quatro senadores — para o PHS ou outro partido. Porém, se pudesse, seu grupo derrubaria a deputada federal Cristiane Brasil, filha de Roberto Jefferson, e continuaria no PTB.
Deputados petistas e peemedebistas têm ouvido queixas de diretores de faculdades goianas. Eles dizem, segundo o parlamentares, que estão há oito meses sem receber os recursos da Bolsa Universitária.

[caption id="attachment_33930" align="alignleft" width="620"] Foto: Fernando Leite[/caption]
O presidente da Federação da Agricultura do Estado de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner, é a ponte de Goiás com a ministra da Agricultura, Kátia Abreu (PMDB). Os dois se falam com frequência, pois foram companheiros na Confederação Nacional da Agricultura (CNA) — ela, presidente; ele, vice. Recentemente, com o apoio da ministra — darling da presidente Dilma Rousseff —, atraiu o ministro da Fazenda, o circunspecto Joaquim Levy (conseguiram colocar até um chapelão na sua cabeça), para a Tecnoshow, uma das quatro maiores feiras de tecnologia rural do país. Homem do mercado financeiro, Levy saiu entusiasmado com o que viu em Rio Verde.
Suplente de deputado federal, embora ainda não se tenha decidido, Schreiner tende a trocar o PSD por um partido menor. Kátia Abreu gostaria de levá-lo para o PMDB. Porém, dadas suas alianças políticas em Goiás, o presidente da Faeg, se deixar a legenda dirigida por Vilmar Rocha, deverá optar por um partido da base do governador Marconi Perillo.
[caption id="attachment_29815" align="alignleft" width="620"] Foto: Denise Xavier[/caption]
O deputado José Nelto passou a semana passada na região dos Calungas. “A escassez de energia elétrica na região, parcialmente inóspita, é um problema grave. Por isso levamos às cidades, como Cavalcante e Campos Belos, o presidente do programa Luz Para Todos, Aurélio Pavão, e o diretor de distribuição da Celg, Francisco de Assis, para verificar, presencialmente, o que ocorre na região. O governo federal liberou 29 milhões de reais e a Celg vai entrar com 4 milhões de reais para colocar eletrificação rural e beneficiar centenas de produtores rurais em três municípios.”
José Nelto afirma que em Cavalcante, “quando acaba a energia elétrica — fica-se sem energia às vezes por dois ou três dias —, também acaba a água e não se tem mais celular. Fica-se isolado do mundo. Por isso, planejamos levar representantes da Anatel e da Vivo à região”. O deputado frisa que “as pessoas que moram em cidades grandes e de médio porte não têm noção precisa de que há regiões praticamente isoladas, com escassez de comunicação e outros benefícios”.