Terras raras: multinacional vai explorar área próxima à Chapada dos Veadeiros

01 novembro 2023 às 10h27

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A multinacional Aclara Resources descobriu um novo elemento pesado de terras raras (HREE) em Goiás, hospedado em argilas iônicas no “Módulo Carina”. A área abrange cerca de 1.400 hectares, com potencial para expansão lateral, na região de Nova Roma, norte de Goiás, próxima a Chapada dos Veadeiros. Os terras-raras estão presentes em mais de duzentas e cinquenta espécies minerais conhecidas. Entretanto, somente em algumas dessas espécies ocorrem terras-raras em concentração suficiente para justificar sua exploração.
A Aclara Resources, que tem o grupo Hochschild Mining como um dos principais acionistas, vai investir cerca de R$ 2 bilhões na produção de minerais em terras do município. A empresa, que tem quase 100% das obras concluídas na região, pretende iniciar a exploração de ouro no primeiro semestre de 2024.
“A Aclara tá buscando introdizir em Goiás uma nova e sustentável forma de extrair os terras raras, com uma missão muito semelhante ao que foi aplicado no Chile. Na primeira sondagem, os resultados foram promissores. Temos recursos hídricos muito próximos, energia elétrica, excelentes estradas”, explicou o gerente de exploração, Jorge Frutuoso.
Ele explicou ainda que o próximo objetivo é coletar uma amostra de grande volume para fazer um teste de processo em maior escala do que é de bancada para verificar a viabilidade e confirmar o potencial do projeto já no primeiro semestre de 2024. Nos próximos meses, serão feitas uma estimativa de recursos, desenvolvimento de uma avaliação econômica preliminar e o último tópico é a pilotagem com o minério.
A campanha inicial de perfuração, ocorrida entre fevereiro e agosto deste ano, consistiu em 1.693 metros de perfuração, resultando em 238 perfurações na terra. A empresa afirma que o seu processo de extração não envolve detonação, britagem ou fresagem. Além disso, não gera rejeitos, eliminando a necessidade de instalação de armazenamento de rejeitos. Utiliza água 100% reciclada e minimiza o consumo de água por meio de altos níveis de recirculação. “A matéria-prima de argila iônica é passível de lixiviação com fertilizante e não são produzidos radionuclídeos prejudiciais”, frisa.
O que são as Terras Raras
As principais espécies minerais que contêm terras-raras são monazita, bastnaesita, xenotima (ou xenotímio) e argilas portadoras de terras-raras adsorvidos sob forma iônica. Essas argilas, exploradas apenas na China, e a xenotima são as principais fontes de terras raras pesados. A monazita e a bastnaesita são também importantes fontes de terras-raras, principalmente leves.
Grandes depósitos de bastnaesita são encontrados na China e nos Estados Unidos. No Brasil, Austrália, Índia, África do Sul, Tailândia e Sri Lanka, os elementos terras-raras ocorrem em monazita e em areias com outros minerais pesados. Também é importante destacar a ocorrência, no Brasil, de importantes concentrações de terras-raras na monazita, encontrada tanto em depósitos do tipo placer5 quanto em carbonatitos, e na xenotima.
A cadeia produtiva dos terras-raras pode ser decomposta em várias etapas. Inicialmente, extrai-se o minério que contém esses elementos. Após extraído, o minério é triturado e moído. Em seguida, em geral por um processo de flotação7 , obtém-se o minério concentrado que contém terras-raras. Depois da concentração, ocorre a separação dos diferentes óxidos de terras-raras.
Após o processamento primário, os óxidos são refinados e convertidos em metais, que depois são combinados com outros metais para se produzir as ligas contendo terras-raras. Essas ligas são usadas em centenas de aplicação, principalmente na área de alta tecnologia. A Figura 1.1 ilustra a cadeia produtiva dos elementos terras-raras.