No ano passado, o bioma do Cerrado perdeu mais de 1 milhão de hectares de sua vegetação nativa, vítima de desmatamento. Destes, aproximadamente 75% da área desmatada ocorreu em imóveis rurais que possuíam o Cadastro Ambiental Rural (CAR), ou seja, em propriedades privadas. A extensão desmatada dentro dessas propriedades é equivalente a quase seis vezes o tamanho da cidade de São Paulo, cuja área totaliza pouco mais de 1,5 mil km².

Os dados foram divulgados hoje de manhã pelo Sistema de Alerta de Desmatamento do Cerrado (SAD), desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam). De acordo com o levantamento, a perda de vegetação nativa apenas nos imóveis rurais registrados no CAR totalizou 879 mil hectares.

As grandes propriedades respondem por 36% do desmatamento. Ao contrário do que ocorre na Amazônia, onde o desmatamento é mais difuso, no Cerrado a maior parte ocorre em imóveis rurais privados. O estudo destaca que é nessas propriedades que se concentra a maior parte da vegetação nativa remanescente no bioma.

O registro de 1 milhão de hectares desmatados em 2023 representa um aumento de 30% em relação aos alertas identificados pelo SAD Cerrado em 2022. Durante esse período, cerca de 815 mil hectares do bioma foram desmatados.

Os dados do SAD também mostram um aumento na detecção de aproximadamente 27 mil hectares de desmatamento em áreas de unidades de conservação no Cerrado em comparação com 2022, representando um aumento de 93%. Quanto às áreas consideradas “vazios fundiários”, ou seja, aquelas sem jurisdição ou definição clara de uso, foram desmatados 94 mil hectares, um aumento de 48% em relação ao ano anterior.

O monitoramento do desmatamento do Cerrado pelo SAD é realizado por meio de imagens de satélite do sensor Sentinel-2, da Agência Espacial Europeia. A confirmação de um alerta de desmatamento ocorre quando são identificados pelo menos dois registros da mesma área em datas diferentes, com um intervalo mínimo de dois meses entre as imagens de satélite.

Em 2023, o estado que mais desmatou o Cerrado foi o Maranhão, com 308 mil hectares. Em seguida, veio o Tocantins, com pouco mais de 233 mil hectares, seguido pela Bahia, com 159 mil hectares. Esses três estados fazem parte do Matopiba, que é a principal fronteira agrícola do Brasil.

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