O rompimento de parte da rodovia da GO-110, em Iaciara, que provocou a morte de cinco pessoas, trouxe à tona a discussão das barragens em Goiás. O estado possui mais de 40 mil exemplares. Do total, 36 mil são cadastrados e monitorados pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad).

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O rompimento da barragem ocorreu na última quinta-feira, 7, após a cidade registrar uma precipitação de 250 mm em dois dias. A represa, no entanto, não foi a responsável pelo estrago provocado no município goiano. Conforme a Semad, o alto volume de água registrado na região fez com a estrutura da rodovia fosse levada pela enxurrada.

“A força da água da chuva provocou a destruição de uma barragem de porte muito pequeno (0,1 hectare) e de cacimbas de dessedentação animal. Como o volume de água armazenado nessa barragem era muito baixo, é seguro afirmar que seu rompimento não foi a causa da enxurrada maior que destruiu parte da rodovia GO-010”, disse a pasta em nota.

Segundo o gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo), André Amorim, o estado deve registrar chuvas durante todo o decorrer da semana, mas com menos intensidade. As precipitações trazem riscos reais de transbordamento e rompimento das barragens espalhadas por todo o estado.  

“O risco sempre existe e ele fica mais evidente no período chuvoso, porque é algo que está acumulando água, como se fosse uma caixa d’água. É preciso sempre manter a manutenção e realizar todas as medidas de segurança”, explicou.

Barragens críticas 

Em 2023, um levantamento da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) mostrou que Goiás possui 36 barragens em estado crítico. A condição é quando a barragem conta com a categoria de risco (CRI) alta e o dano potencial associado (DPA) alto.

O rompimento de um exemplar pode provocar danos ambientais e materiais. Desde de 2020, ao menos quatro barragens se romperam no estado, sendo a última em Ouroana, em março de 2023. Não houve feridos, mas o rio de lama arrastou pontos e provocou estragos à infraestrutura do distrito de Rio Verde.

Ainda no ano passado, em outubro, Goiás prorrogou o cadastramento e regularização obrigatória das represas até 30 de abril de 2024. O não cadastramento pode ocasionar em sanções e multas por parte do governo.

“As nossas barragens, tirando as barragens de hidrelétrica, são de fazendas. Muitas casas foram construídas à beira de lagos e barragens, é algo cultural. Algumas são próximas uma da outra e, se romper, pode provocar uma força hidráulica muito grande”, concluiu o gerente do Cimehgo.

Famílias próximas à barragens 

As famílias que moram próximas às barragens, naturalmente, são as mais vulneráveis a desastres. Procurada, a Semad não soube informar quantas pessoas moram nestas condições no estado, porém, é certo afirmar que milhares se encontram situadas nestas regiões. Um exemplo claro é a barragem do Ribeirão João Leite, conhecida por abrigar pessoas nas proximidades. 

No Brasil, quase 1 milhão de pessoas vivem perto de barragens potencialmente perigosas, de acordo com dados do Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens (SNISB). Os dados sobre barragens foram extraídos em fevereiro de 2022 e cruzados com a grade estatística do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), levantamento que oferece o maior detalhamento possível da distribuição da população no território brasileiro, com base em informações do Censo de 2010.