Quem viu, ouviu (e prestou atenção em) o discurso de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta quarta-feira, 16, e, com o mínimo de imparcialidade, comparou-o ao que o Brasil viveu (pelo menos) nos últimos quatro anos, não pode deixar de admitir: o mundo observa um renascimento em curso do país que é peça-chave no quebra-cabeças da questão climática global.

Lula já chega de volta ao jogo político internacional recolocando a Nação que governará a partir de janeiro como protagonista do assunto e requerendo sediar a edição da cúpula em 2025, a COP30. Mais: que o evento se dê na Amazônia, o foco central de todo o debate e pedra angular da crise do aquecimento global.

O presidente eleito, por si só, já é um símbolo do Brasil mundo afora. A imagem dele no exterior nada tem a ver com a que boa parte da população cultiva, considerando-o nada mais que um político corrupto salvo das garras da justiça pela porta dos fundos – mesmo tendo cumprido uma cadeia de 580 dias em um processo considerado ilegítimo pela Suprema Corte, pois que julgado por juiz incompetente e parcial.

Filigranas locais importam, sim, e vão estar disputando o espaço da dialética. Enquanto cuida do próprio quintal, porém, o governo vai ter essa oportunidade de devolver o Brasil aos quadros mais altos do organograma o qual havia desprezado durante o governo Bolsonaro.

Mas engana-se quem considera que o efeito político é apenas futuro, apenas quando Lula, de fato, começar a governar o País, em 1º de janeiro: a fala do eleito no Egito apresenta aos principais líderes globais a figura de um presidente de fato, com autoridade sobre o que diz, e assenta sua respeitabilidade como condutor dos destinos brasileiros diante de todo o planeta.

Em outras palavras: com Lula falando ao mundo, um golpe imaginado e querido por milhares que ainda batem à porta dos quartéis como zumbis de seriado, a despeito do resultado do processo eleitoral, se já era algo improvável, cria ares de algo impraticável.