O dia 22 de março é o dia em que se celebra o Dia Mundial da Água, data criada para lembrar da importância de se conservar o principal recurso natural de nosso planeta, essencial para a vida humana. Pensando nisso, começou nesta quarta-feira a primeira Expedição pelo Rio Meio Ponte.

Um estudo recente mostrou que 27% do esgoto de Goiânia não recebe nenhum tipo de tratamento e acabam indo direto para a natureza, para locais como o Rio Meia Ponte. O rio pede socorro diante de tanta poluição, principalmente na parte que passa pela capital.

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Entre 22 e 27 de março, pesquisadores e entidades parceiras percorrerão 40 quilômetros de extensão do rio no perímetro urbano de Goiânia, com início na Região Noroeste até o Parque Atheneu, na Região Leste.

Estão previstas uma série de atividades pela defesa, conservação e preservação do curso d’água. Em parceria com órgãos e entidades como Saneago, Universidade Federal de Goiás (UFG), Instituto Federal de Goiás (IFG), Secretarias Estadual e Municipal de Meio Ambiente e Centro de Zoonoses.

1ª Expedição pelo Meia Ponte conta com parcerias de órgãos públicos e privados. | Foto: Jornal Opção.

A Expedição

O início da expedição se deu na Estação de Tratamento de Água Engenheiro Rodolfo José da Costa e Silva (ETA Meia Ponte), no Bairro Floresta, em Goiânia. Duas equipes realizam a atividade: uma por terra e outra embarcada, descendo o rio, para observar e identificar pontos de degradação, assoreamento, poluição, descarte irregular de lixo e de esgoto, ocupação e desmatamento indevido das margens, qualidade da água e condições da fauna e da flora.

Adutora passa por cima do Rio Meia Ponte e leva água para tratamento e pesquisa na Saneago. | Foto: Jornal Opção.

A expedição fará diagnóstico sobre a atual situação do rio, que é a principal fonte de abastecimento de água potável da capital. O relatório servirá de referência à elaboração de políticas públicas do Poder Legislativo para o manancial, com publicação prevista para 5 de maio.

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De acordo com a vereadora por Goiânia e idealizadora do projeto, Kátia Maria (PT), a expedição não tem o caráter punitivo. Segundo ela, o grupo de estudos vai levantar informações para nortear ações do poder público.

Kátia Maria percorre o Meia Ponte de barco. | Foto Wesley Menezes.

“A expedição não tem caráter fiscalizatório ou punitivo, mas sim científico. O objetivo é apresentar, ao final, um documento, a Carta das Águas do Meia Ponte, que possa nortear a própria Câmara e os gestores públicos estaduais e municipais em relação às ações que devem ser tomadas para preservação e o uso sustentável do rio”, disse a vereadora.

Vereadora por Goiânia, Katia Maria (PT). | Foto: Jornal Opção.

Segundo a vereadora, o documento final também orientará o trabalho do Legislativo na elaboração de leis para preservação e para melhoria das condições do rio. “Salvar o Meia Ponte é questão de sobrevivência da população goianiense e da Região Metropolitana”.

O Meia Ponte

A Bacia Hidrográfica do Rio Meia Ponte é a principal fornecedora de água para a Região Metropolitana de Goiânia, sendo responsável por pelo menos 50% da população goiana. Mas como todo rio que corta grandes centros urbanos, o Meia Ponte sofre com diversas ações do ser humano que vão muito além da poluição.

Ecobarreira localizada no Rio Meia Ponte visa conter resíduos sólidos e ajudar na limpeza do leito. | Foto: Jornal Opção.

O Rio Meia Ponte é um dos mais importantes de Goiás. Ele nasce na Serra do Brandão, em Itauçu, e abrange mais de 30 municípios ao longo dos quase 500 quilômetros até sua foz no Rio Paranaíba, no município de Cachoeira Dourada. Estima-se que cerca de 50% da população goiana utilize as águas do rio para atividades como de uso doméstico, criação de animais, irrigação e indústrias. 

A porção alta do rio, utilizada como principal fonte captação para abastecimento público desse centro urbano, abriga atividades industriais, agroindustriais, pecuária e uma intensa produção de hortifrutigranjeiros, o que requer um amplo processo de governança das águas.