Alarme de barragem em Crixás preocupa moradores; mineradora diz que acionamento foi indevido

Moradores de Crixás, no noroeste goiano, foram pegos de surpresa após as sirenes do sistema de comunicação de emergência da barragem Serra Grande serem acionadas na manhã desta segunda-feira, 10. O “barulho” provocou tumulto e medo na população, que achou que as paredes do local administrado pela mineradora Anglogold Shanti haviam se rompido. 

“Falei agora com a empresa e me informaram que foi um alarme involuntário, que não houve nenhum rompimento na barragem. […] Está seguro, não vai ter nenhum rompimento da barragem não. Pode ficar tranquilo”, afirmou o vice-prefeito da cidade, Tiago Oliveira Dietz, a fim de acalmar a população.  

Em nota, a mineradora afirmou que o acionamento foi “indevido” e que barragem está “segura e estável”. A empresa disse ainda que está apurando as causas que levaram ao acionamento do alarme. 

Extinção de barragens 

Uma decisão do juiz Alex Alves Lessa de 2020 determinou a desativação da barragem de Crixás até setembro de 2021. O magistrado entendeu, na época, que o local colocava em risco a população da cidade. A barragem também foi citada em uma publicação do Diário Oficial da União, em 2019.

No documento, o juiz cita que três barragens de mineração localizadas em Goiás teriam de ser extintas. Localizadas em Catalão, Ouvidor, Crixás, as barragens do tipo “a montante” faziam parte da lista de 84 no país na época, das quais 43 são classificadas como de alto dano potencial e se caso se rompem acarretaria em perdas humanas, ambientais e econômicas. 

Procurada, a mineradora AngloGold Ashanti informou que “desde setembro de 2021, a Serra Grande implementou 100% de deposição de rejeito a seco na unidade e, portanto, desde então, não envia mais rejeito em polpa para a barragem.”

Veja a nota:

“Informamos que, nesta segunda-feira, 10 de julho, próximo às 10h, houve o acionamento indevido das sirenes do sistema de comunicação de emergência da barragem Serra Grande, localizada em Crixás (GO).

Lamentamos pelo acionamento equivocado do sistema de emergência e pedimos desculpas aos moradores de Crixás. Ressaltamos que a barragem está segura e estável.
A empresa já entrou em contato com as lideranças comunitárias e os órgãos públicos competentes para comunicar o ocorrido. Esta é a primeira vez nas operações Serra Grande que a sirene é acionada indevidamente. Estamos apurando os motivos do ocorrido.
Desde setembro de 2021, a Serra Grande implementou 100% de deposição de rejeito a seco na unidade e, portanto, desde então, não envia mais rejeito em polpa para a barragem.  
Em caso de dúvidas, a comunidade pode entrar em contato com nosso canal de relacionamento: 0800 72 71 500.”

O Jornal Opção também entrou em contato com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad), mas a pasta afirmou que a competência de fiscalização cabe à Agência Nacional de Mineração (ANM). A agência foi procurada, mas não respondeu aos questionamentos até a publicação desta reportagem.