Dentista que deformou mais de 20 pessoas é envolvida na eleição do CRO-GO
12 novembro 2025 às 18h41

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A reportagem do Jornal Opção apurou que a falsa médica acusada de deformar mais de 20 pacientes, Hellen Kacia Matias, de 46 anos, está envolvida em uma intriga política relacionada às eleições do Conselho Regional de Odontologia de Goiás (CRO-GO).
O caso remete a uma operação da Polícia Civil de Goiás (PCGO) realizada em 2023, que investigou o exercício ilegal da odontologia por profissionais que realizavam procedimentos cirúrgicos privativos da medicina em locais inadequados, além de ministrar cursos para pessoas não habilitadas. No mesmo ano, a médica foi presa, contudo, teve habeas corpus deferido na Justiça.
Segundo documentos obtidos pela reportagem, Hellen — condenada em setembro a 17 anos de prisão, sendo 7 anos de detenção e 10 de reclusão — estaria por trás de uma das chapas que deve disputar o comando do órgão. A sentença foi proferida pelo juiz Carlos Gustavo de Morais, da 3ª Vara Criminal dos Crimes Punidos com Reclusão e Detenção, pelos crimes de:
- exercício ilegal da profissão;
- execução de serviço de alto grau de periculosidade;
- indução de consumidores a erro;
- lesão corporal de natureza grave;
- lesão corporal de natureza gravíssima.
As eleições do conselho estão marcadas para o dia 28 de novembro deste ano, após terem sido canceladas por decisão da Justiça Federal, que identificou possíveis irregularidades no processo eleitoral digital.
Até o momento, quatro grupos disputam a presidência do CRO-GO:
- Chapa 1 – Fazer Diferente, liderada pela dra. Franciene Moreira;
- Chapa 2 – Vem Pro Lado Certo, presidida por Marcelo Macedo;
- Chapa 3 – INNOVA CRO, comandada por Rogério Dias;
- Chapa 4 – Odonto Forte, liderada por Kamilla Malaquias.
O grupo associado a Hellen compõe a Chapa 2, na qual ela é figura central nas redes sociais, com mais de 600 mil seguidores em seu perfil pessoal. Apesar de estar impedida de se candidatar ou ocupar cargos no Conselho em razão da condenação judicial, relatos indicam que atua nos bastidores para manter influência política e tentar reverter ou amenizar sanções administrativas.
De acordo com os documentos obtidos, Hellen seria uma das principais financiadoras da Chapa 2 e estaria envolvida em vazamentos de dados internos de outras chapas. A denúncia partiu de Rogério Alves, integrante da Chapa 3, que afirmou ter fornecido a Hellen documentos sigilosos do CRO-GO. Ele declarou ter colaborado com a defesa da condenada ao repassar tais informações, o que pode configurar quebra de sigilo funcional, conforme o artigo 325 do Código Penal.
O Jornal Opção entrou em contato com a defesa de Hellen Kassia, contudo, não obteve resposta até o fim da matéria.
Confira a sentença na íntegra:
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